Por Igor Lopes
A Casa dos Açores do Rio de Janeiro realizou uma festa no dia 14 de julho em virtude do aniversário de 61 anos da instituição. Para animar o ambiente, teve lugar a apresentação do músico Daniel Gonçalves e do grupo folclórico Padre Tomáz Borba. Sobre a mesa, muita fartura com escalopinho à piamontese e strogonoff de frango.
E a história do clube mostra a dimensão dessa associação cultural. Uma das principais características do povo açoriano é a imigração. No século XX essa atividade atingiu suas maiores taxas. Principalmente para os EUA, mas também, em grande número para o Brasil. Na década de 1950, o Rio de Janeiro já contava com mais de 30 mil açorianos, concentrados, principalmente, na capital, sendo eles empresários e comerciantes.
A intenção de reuni-los num grêmio ou clube para preservar as práticas e a cultura açoriana já existia, mas faltava uma figura que os reunisse e incentivasse. Esta pessoa foi Vitorino Nemésio, escritor e intelectual de origem açoriana que se destacou como romancista. Na sua primeira passagem pelo Brasil, em 1952, deixou sua marca na história do povo açoriano em solo fluminense, e dos cariocas, ao incentivar a formação de uma Casa Regional que congregasse os açorianos e suas praticas culturais. Reuniram-se no centro trasmontano, tradicional casa portuguesa estabelecida na Tijuca. No dia 17 de julho de 1952, um grupo de açorianos transformou essa ideia em fato. Com um brilhante discurso patriótico de Vitorino sobre o encanto das Ilhas e sobre o sentimento de solidariedade que deveria unir o povo açoriano, nascia a Casa dos Açores.
Futuramente, os 26 presentes nesta reunião se tornariam sócios iniciadores, como consta no Estatuto da Casa dos Açores, e Vitorino Nemésio se consagraria presidente de Honra. Na primeira Ata consta que o presidente do centro trasmontano Francisco Cunha ofereceu a presidência da reunião a Nemésio. A segunda reunião foi marcada para 14 de agosto, e também contou com a presidência de Vitorino Nemésio. Nessa ocasião ficaram acertados os assuntos burocráticos relativos ao Estatuto. Foram convocados todos os açorianos do Estado do Rio para se associar, através de vários jornais da época. As notícias sobre a Casa dos Açores se espalhavam com facilidade, devido ao grande número de jornais que publicaram algo sobre a casa regional.
O próximo passo era fundar uma sede própria, algo que foi buscado com afinco e em tempo recorde pelos açorianos associados. Graças a uma série de doações, festas e churrascos, a diretoria da Casa dos Açores adquiriu em leilão sua sede própria, apenas quatro meses após a fundação, ao lado do centro trasmontano. Agora os trabalhos seriam para reformar o prédio, enquanto isso as festas continuavam a ser feitas na casa de Trás-os-Montes.
A inauguração da casa veio menos de dois anos depois de sua fundação, em 24 de abril de 1954, foi noticiada em vários jornais, inclusive nos Açores. Após a reforma da casa, o salão nobre ficou intitulado Vitorino Nemésio, em homenagem ao presidente de honra, idealizador e realizador desta Casa.