Por Igor Lopes
A Casa de Viseu do Rio de Janeiro promoveu uma sessão solene, no último dia 5 de julho, na sua sede social, na Zona Norte carioca, para celebrar os 47 anos de fundação da instituição. Numa noite recheada de emoção e de grande participação do público, a mesa de honra contou com nomes de peso da comunidade portuguesa, além de autoridades brasileiras e lusitanas que vieram de Portugal para prestigiar essa que é uma das casas regionais mais emblemática. A festa teve direito a discursos que se dividiram em palavras de apoio à valorização dos sonhos e da união.
O presidente da Casa de Viseu, Flávio Martins, começou o seu discurso falando de sonhos que tornaram possível a construção da instituição que valoriza a cultura viseense. Este responsável referiu que a casa vive um momento em que pretende ser “um pólo de representação dos municípios, das instituições públicas ou privadas e das gentes do distrito de Viseu” e recordou o protocolo de reciprocidade celebrado com o Grupo VISABEIRA, com o Instituto Politécnico de Viseu e com a Confraria Saberes e Sabores da Beira, que visa tornar a casa numa “embaixada que represente os interesses, os produtos e os serviços oferecidos a partir dos nossos 24 concelhos”. E para deixar claro que a intenção da atual diretoria é fazer a casa ter vida longa, Flávio Martins sublinhou a necessidade de união.
“Sonhar é, também, projetar o futuro da Casa do Distrito de Viseu e das comunidades portuguesas. O perfil de quem emigra para o Brasil mudou, o perfil de quem herdará nossa comunidade é outro, bastante diferente de há 47 anos. Logo, ou nossas associações unem-se e adaptam-se ao novo perfil de nossa comunidade ou seremos cada vez mais fracos”, avaliou o presidente da instituição.
Na opinião de Fernando Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu e orador oficial da noite, é preciso não deixar ter fim um trabalho de grande sucesso. “Não há nenhuma instituição que sobreviva quando há desunião das pessoas. Conheço a casa de Viseu há mais de 20 anos e fiquei fascinado com as pessoas que se empenhavam na direção. O Flávio ainda era um jovem do rancho e hoje é o presidente. Todas as diretorias fizeram um trabalho fantástico. Seria uma pena que, por uma dificuldade organizacional, deixassem morrer uma instituição fabulosa. Seria uma perda para todos”, comentou Ruas, que falou sobre os problemas que Portugal enfrenta.
“Não vale a pena iludir a realidade. Quanto mais depressa tratamos de arrumar a casa, melhor. Sempre resolvemos os nossos problemas e não vai ser diferente desta vez”, acredita.
O autarca de Armamar, Hernâni Almeida, falou sobre a importância dos governos do distrito de Viseu na manutenção dessa casa regional na cidade maravilhosa.
“Os políticos têm que estar mais atentos aos problemas dos mais desprotegidos e a comunidade do Rio tem que ser cada vez mais unida. Algumas casas vão ter que se unir, pois cada vez está mais difícil. É difícil também mobilizar os jovens. A comunidade já tem alguma idade, mas a cultura portuguesa vai continuar com os mais novos e os municípios de Viseu têm a responsabilidade grande de fazer a casa viseense continuar ativa por muitas décadas”, referiu Hernâni.
Por sua vez, Carlos Marta, presidente da Câmara Municipal de Tondela, afirmou que os resultados positivos só podem ser alcançados com os esforços de todos.
“A união é importante em tudo na vida, nas casas, na escola, na política e, seguramente, também, nas casas regionais. Se as pessoas forem capazes de unir esforços, unir vontades e trabalharem todos para o mesmo objetivo, os resultados serão mais positivos e se conseguirá atingir o que se pretende, que é a maior valorização, maior apoio, maior trabalho para as diferentes comunidades. Isso significará maior projeção para quem tenha responsabilidade de gerir uma casa como esta”, confessou Marta.
Teresa Bergher, única portuguesa a atuar na Câmara dos Vereadores do Rio, mostrou-se emocionada com a cerimônia. “Celebrar Viseu, que é o meu distrito, sempre me emociona muito. E, hoje, especialmente, pois temos aqui a presença do presidente da Câmara de Viseu, que é um gestor muito atuante, que fez grandes mudanças na cidade”, referiu Teresa.
“Até aqui vencemos todas as batalhas, mas ainda há muito a construir. Não podemos esmorecer, somos representantes da estirpe do Viriato, de D. Duarte, de Aquilino Ribeiro, de Tomás Borba, de D. Antônio Alves Martins, de Serpa Pinto, de Augusto Hilário e de tantos outros portugueses que orgulham nosso distrito e que nunca deixaram de sonhar e, mais que isso, de transformar os sonhos em realidade”, finalizou Flávio Martins.
No dia 7, foi a vez de celebrar a culinária durante um almoço com direito a bacalhau à Viseense. No palco, as atrações musicais ficaram a cargo do cantor Mário Simões, da fadista Maria Alcina e da Banda Típicos da Beira Show.