Mundo Lusíada
Com Lusa
O saldo da balança comercial entre Portugal e os países da CPLP diminuiu 31%, de 784 para 536 milhões de euros, nos primeiros quatro meses do ano, de acordo com os dados da AICEP, a que a Lusa teve acesso.
As exportações de bens e serviços para os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) aumentaram 6,4% de janeiro a abril, para 2,1 bilhões de euros, mas as importações subiram 7,7%, para 1,6 bilhões, fazendo o saldo positivo da balança comercial diminuir de 784 para 536 milhões de euros.
De acordo com os dados da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, que se baseia nos números do Instituto Nacional de Estatística e do Banco de Portugal, a maior variação percentual ocorreu na exportação de bens e serviços para São Tomé e Príncipe, com um aumento de 15,7%, para 19 milhões de euros, mas em termos nominais é Angola o país dominante.
Olhando para os dados compilados pela AICEP, constata-se que Angola é o país com o relacionamento econômico mais intenso com Portugal, representando, quer nas exportações, quer nas importações, mais do que a soma de todos os outros países juntos.
Portugal exportou para Angola bens e serviços no valor de 1.343 milhões de euros, ao passo que para o Brasil, o segundo país na lista, as exportações não chegaram sequer aos 600 milhões de euros.
No caso das importações, a tendência é a mesma: Portugal trouxe de Angola bens e serviços no valor de 1.127 milhões de euros, ao passo que do Brasil, o segundo país na lista, o valor fica-se pelos 416 milhões de euros.
TIMOR
As exportações de bens para Timor-Leste subiram 73,9% no primeiro quadrimestre deste ano, para 3,1 milhões de euros, o que melhorou a balança comercial em 57,5%, para 2,7 milhões de euros.
No caso de Timor-Leste, cujos únicos dados disponíveis se referem à transação de bens (ao contrário dos restantes, em que entram também os serviços), as vendas portuguesas tiveram uma fortíssima subida, impulsionada pela venda de livros, aparelhos elétricos para telefonia ou telegrafia, vinhos e azeite, as quatro categorias de produtos mais exportados. As vendas passaram de 1,8 para 3,1 milhões de euros, ao passo que as importações cresceram quase 400%, passando de 88 mil euros para 436 mil euros, nos primeiros quatro meses deste ano.
SÃO TOMÉ
As vendas de bens e serviços de São Tomé e Príncipe para Portugal triplicaram nos primeiros quatro meses deste ano face ao período homólogo, para 3,7 milhões de euros, mas a balança comercial ainda beneficia Portugal.
Enquanto as exportações nacionais subiram 15,7% para quase 20 milhões de euros, as importações de bens e serviços de São Tomé triplicou, passando de pouco mais de um milhão de euros de janeiro a abril de 2012, para 3,7 milhões no primeiro quadrimestre deste ano.
Estes aumentos, no entanto, pouca influência tiveram no saldo da balança comercial, que se manteve nos 16,2 milhões favoráveis a Portugal. Os vinhos, o óleo de soja, os bulldozers, angledozers, niveladoras, raspo-transportadoras e pás mecânicas, as águas, águas minerais e gaseificadas, adicionadas de açúcares, e as farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio são as categorias de produtos mais exportados para São Tomé, mas apenas as vendas de vinho ultrapassam o milhão de euros (1,2 milhões no primeiro quadrimestre).
GUINÉ
A balança comercial entre Portugal e a Guiné-Bissau foi favorável a Portugal em 21,5 milhões de euros, mas conheceu um decréscimo superior a 10% nos primeiros quatro meses do ano. Portugal exportou 23,3 milhões de euros em bens e serviços, o que representa um decréscimo de 12,2% face aos 26,6 milhões que tinha exportado nos primeiros quatro meses do ano passado.
Os dados revelam uma desaceleração ainda maior nas importações de produtos guineenses (26,3%), mas com uma expressão financeira muito menor: as importações não chegam aos dois milhões de euros, e são essencialmente fruta e produtos alimentares específicos, como castanha de caju.
As vendas de bens e serviços portugueses para a Guiné-Bissau centram-se nos óleos de petróleo ou minerais betuminosos, que representam quase metade do total, e conheceram no primeiro quadrimestre uma redução de 6,3% para 9,3 milhões de euros. Mais expressiva em percentagem foi a subida nas vendas de cimentos hidráulicos (159%), mas com um valor nominal mais reduzido: pouco menos de dois milhões de euros.
CABO VERDE
A importação de bens e serviços de Cabo Verde para Portugal aumentou 26%, para 25 milhões de euros, fazendo a balança comercial descer 7,8% para 59,4 milhões de euros, fruto de uma estagnação nas exportações portuguesas.
A balança comercial entre Portugal e Cabo Verde nos primeiros quatro meses do ano mantém-se favorável a Portugal, mas desceu de 64,6 milhões para 59,4 milhões de euros, fruto de um aumento de mais de um quarto nas importações e mercê de uma estagnação das exportações nos 84,4 milhões de euros.
Os produtos mais exportados de Portugal para Cabo Verde são os cimentos hidráulicos, o óleo de soja, os medicamentos para venda em retalho, o leite e barras de ferro, aço, forjadas, laminadas, estiradas a quente, de acordo com o AICEP, que sublinha ainda que, no que às importações diz respeito, as compras de crustáceos subiram 46,1%, o que ajuda a explicar o aumento geral das importações.
MOÇAMBIQUE
As exportações de bens e serviços de Moçambique para Portugal duplicaram de janeiro a abril deste ano, passando a valer 44 milhões de euros, mas as compras que Portugal faz àquele país estabilizaram nos 123 milhões de euros. O saldo da balança comercial manteve-se positivo, mas desceu 22,7%, de 101 para 78 milhões de euros nos primeiros quatro meses deste ano.
Na base desta duplicação das importações está, entre outros aspetos não identificados, o aumento da compra de tabaco, que subiu mais de 70%, para 3,1 milhões de euros, valendo mais de 15% do total das importações de Moçambique, numa lista que continua a ser liderada pela rubrica ‘Açúcares de cana ou de beterraba e sacarose química, pura, no estado sólido’, que vale quase 15 milhões de euros e 70% do total das importações portuguesas daquele país.
As exportações mantiveram-se estáveis, registando apenas uma subida de 0,4%, mas alguns itens registraram subidas significativas nas vendas, por exemplo de material pesado de construção, que teve um aumento de 12%, para mais de seis milhões de euros, e ‘outros móveis e suas partes’, com uma subida de mais de 90%, para 3,3 milhões de euros, para além dos ‘veículos automóveis para transporte de mercadorias’, que registaram um aumento de 113% para 2,2 milhões de euros.
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