Português Aristides Sousa Mendes é tema de documentário produzido no Canadá

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“Os nove dias de Sousa Mendes” é um documentário produzido no Canadá sobre o Cônsul Português Aristides de Sousa Mendes. Realizado pela produtora canadiana TelImagin, com Yves Bernard na produção e co-realizado com Mélanie Pelletier, o filme conta com imagens de arquivo, e com a câmara de Alberto Feio.

O documentário foi apresentado no Clube de Portugal, em Montreal, e traz Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus na época da ocupação alemã, durante a Segunda Guerra Mundial, em que salvou judeus do extermínio nazista.

Com excelente conteúdo histórico, retrata Mendes durante nove dias, de 17 de junho a 25 de junho de 1940, quando decidiu conceder vistos sem olhar a credos nem a religiões, o que foi interpretada como uma afronta ao governo de Salazar, que havia proibido a concessão de vistos sem consulta prévia ao Ministério dos Negócios Estrangeiros “aos estrangeiros de nacionalidade indefinida, aos portadores de passaportes Nansen e aos russos, aos estrangeiros que não têm meio de subsistência, e, em nenhuma circunstância, a judeus”.

Pelo gesto humanitário, Sousa Mendes teve um processo disciplinar que o impediria de prosseguir a carreira diplomática, situação que o levaria e também sua família a uma situação de ruína financeira. Depois dos nove dias de junho de 1940 o apelido Sousa Mendes passou a ser mal querido entre as elites políticas de então e os seus filhos viram-se forçados a emigrar para o Canadá, para os Estados Unidos, para a Palestina, e outros países.

Embora consciente das consequências que a sua atitude teve, o cônsul português nunca se arrependeu da sua escolha. “O meu desejo é o de ficar do lado de Deus contra os homens em vez de ficar com os Homens contra Deus” confessou um dia a um dos filhos.

História

Em 1933, Adolfo Hitler como Presidente e Chanceler da Alemanha mudou para sempre os destinos da Europa.

Portugal, país neutro, velho aliado da Grã-Bretanha e simpatizante do regime nacional socialista alemão, opta por limitar a entrada de refugiados no país. A 11 de novembro de 1939 o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Salazar emite a circular n.º 14 proibindo a concessão de vistos a estrangeiros e “em nenhuma circunstância, a judeus”.

Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus confronta-se com a decisão que haveria de mudar para sempre a sua vida. O desespero dos refugiados que se acotovelam à porta do consulado de Portugal e as limitações impostas pelo Governo Português na circular n.º 14 colocam Sousa Mendes num dilema moral: deve obedecer a uma lei que considera injusta e até inconstitucional ou deve antes agir de acordo com a sua consciência moral?

Mendes escolhe desafiar o governo de Salazar, colocando-se ao lado dos milhares de refugiados que procuravam no Consulado de Portugal o visto para a liberdade, e passou 30 mil sobretudo judeus.

Com o visto na mão, os refugiados em fuga tinham 48 horas para atravessar a Espanha de Franco. Chegados a Vilar Formoso, na fronteira portuguesa, os refugiados eram questionados pela PVDE e recebiam instruções relativamente ao seu destino final. A maioria das pessoas eram encaminhadas para Residências Fixas em zonas balneares, estando no entanto impedidos de trabalhar e sem permissão para sair do perímetro da vila.

Hoje, passados 70 anos do gesto de Sousa Mendes, os ecos da sua ação continuam a fazer-se ouvir. E é em Montreal, Quebeque, onde se encontra a terceira comunidade mais importante de sobreviventes do Holocausto (30.000) que pode ser conhecido através deste documentário a história da filha de um refugiado judeu salvo graças a um visto do Cônsul de Portugal em Bordéus.

A narração, a pesquisa e os textos, estiveram a cargo de Inês Faro. O documentário e demais informações estão disponíveis no site: http://osnovediasdesousamendes.com.

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