Da Redação com Lusa
O Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa considerou em 01 de fevereiro, no Parlamento, que o Estado vai ter ganhos com o investimento feito no Banif e que “não é fantasioso” estimar essa valorização.
Segundo o Governador, tendo em conta o preço a desconto com que o Estado entrou no Banif (com ações a um cêntimo) e o plano delineado para a instituição, “não é fantasioso” pensar numa valorização da participação do Estado.
“O Banif, no fim do período do apoio público, tem uma rentabilidade estimada para a posição do Estado de 10%”, perspectivou Carlos Costa, na audição na Comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.
O Governador sublinhou ainda a solidez do plano delineado para o Banif, afirmando que, antes de o Estado decidir entrar com 1.100 milhões de euros no banco, este foi ” submetido a auditorias e [foi-lhe] imposto um processo de reorganização do grupo”, o que atrasou a recapitalização com dinheiros públicos.
Carlos Costa disse ainda que o “compromisso firme de subscrição de 100 milhões de euros” pelos dois principais acionistas do Banif (a Rentipar, ‘holding’ detida pelas filhas do fundador do banco, Horácio Roque, e o grupo Auto-Industrial), no aumento de capital destinado a privados que deverá ocorrer até junho, revela que o interesse dos privados é “convergente” com o interesse público porque” uns e outros têm interesse em fazer do Banif uma história de sucesso”.
O governador destacou ainda o “papel importante” do Banif junto das comunidades portuguesas, na Madeira e nos Açores e no apoio a pequenas e médias empresas.
A injeção de capital público no Banif foi concluída a 25 de janeiro com a entrada de 1.100 milhões de euros, 700 milhões de euros em ações especiais (com um preço de subscrição de 1 cêntimo) e 400 milhões de euros em instrumentos de capital contingente (as chamadas ‘CoCo bonds’).
Com esta injeção de capital, o Banif ficou com um rácio de capital de cerca de 12%, acima dos 10% exigidos pelo Banco de Portugal. Ao mesmo tempo, o Estado ficou dono de 99,2% das ações do Banif e de 98,7% dos direitos de voto, pelo menos até junho quando se deverá dar um aumento de capital dirigido a acionistas privados.
O Banif vai pagar uma taxa de juro pelas ‘CoCo bonds’ que varia entre 9,5% no primeiro ano até 11% no quinto ano pela ajuda do Estado português, sendo a mais elevada entre os bancos que já recorreram ao apoio estatal.
Banif quer diminuir presença no Brasil
O banco português Banif quer continuar a reduzir a sua atividade no mercado brasileiro, onde já vendeu a sua empresa de corretagem ao banco estatal luso Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O “chairman” do Banif, Luís Amado (antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros), admitiu em entrevista ao “Diário Económico” que a situação financeira do Banif no Brasil foi uma surpresa negativa para a gestão do banco e para os seus acionistas.
“Não havia a ideia de que a situação do banco no Brasil fosse tão problemática. Mas do ponto de vista das negociações com as instituições em causa, a questão do “downsizing” é hoje reconhecida e a perspectiva de alienação dos dois bancos que o Banif tem no Brasil está assumida”, afirmou Luís Amado.
No Brasil o banco português mantém três agências (Anália Franco, São Paulo e Botafogo), tendo fechado os balcões que tinha em Brasília, Curitiba e Belo Horizonte.
Na entrevista ao “Diário Económico”, Luís Amado pronunciou-se ainda sobre a intervenção do Estado português no banco, afirmando que não ficaria chocado com a presença de um representante do Estado na comissão executiva do Banif, participando na gestão do banco.
Devido às necessidades de recapitalização, o Banif está a ser alvo de um apoio do Estado português no valor de 1.100 milhões de euros, aplicado num aumento de capital e na emissão de títulos de dívida. Com essa ajuda, o Estado ficará temporariamente na posição de maior acionista do Banif, mas o acordo existente prevê que o banco devolva nos próximos anos a ajuda recebida.