Pesquisadores brasileiros terão casa de apoio em Moçambique

Da Redação
Com agencia

Para intensificar a cooperação entre Brasil e Moçambique, uma parceria vai permitir a criação, na província de Niassa, no Norte do país africano, da Casa do Pesquisador Brasileiro em Moçambique. A informação é do professor Rodrigo Medeiros, que coordena o curso de mestrado em práticas em desenvolvimento sustentável da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

A primeira turma da pós-graduação passou duas semanas em Moçambique no mês passado, acompanhando projetos de desenvolvimento local. De acordo com Medeiros, a ideia é ter uma estrutura fixa para receber missões e pesquisadores brasileiros, já que a cooperação entre os dois países está aumentando. Atualmente, a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, atua em 97 projetos de cooperação Sul-Sul com Moçambique.

“Com essa cooperação, a tendência é que aumente a frequência de missões brasileiras, seja da nossa universidade ou de outras instituições que estão trabalhando naquela região. A gente desenhou a proposta de uma sede fixa, uma casa que possa receber e hospedar as pessoas das missões, com estrutura de sala de trabalho, escritório, sala de reunião. Um espaço simbólico, mas concreto, dessa cooperação Brasil-Moçambique”, diz o professor.

Medeiros diz que a proposta, em conjunto com a Universidade Lúrio, foi bem aceita pelo governo local, que se comprometeu a encontrar o espaço para que a casa seja montada. “Como contrapartida, a gente viabilizaria os equipamentos, a reforma e a adequação da casa, para começar a funcionar já no primeiro semestre do ano que vem.”

Além de servir como hospedagem e local de trabalho, a ideia é que também sejam desenvolvidas na casa atividades como palestras, cursos de extensão e atrações culturais para a comunidade.

A missão da UFRRJ levou 17 estudantes da pós-graduação a Moçambique. Para Medeiros, além de participar de um pequeno projeto, adaptado a uma realidade de desenvolvimento diferente da brasileira, o treinamento de campo “permite que o aluno possa desenvolver uma visão crítica sobre toda essa questão da agenda do desenvolvimento, os desafios em uma situação de vulnerabilidade total como a que a gente encontrou na região de Moçambique”.

Integrante da missão, o economista Jadiel Guerra de Moura elogiou a experiência na cidade moçambicana de Lichinga, onde participou de um projeto de agricultura familiar. Segundo ele, foi “maravilhoso” conviver com realidades parecidas com a brasileira e ter a oportunidade de desenvolver um projeto que contribui para a redução da pobreza e melhoria das condições de vida da população local.

“Como a profissão de economista é muito abrangente, nesse trabalho tivemos a oportunidade de conviver com microrrealidades de pobreza, de carência alimentar, o que nos permitiu apresentar alguma coisa concreta e soluções de problema.”

Para ele, esse trabalho precisa ter um caráter profissional de gestão e pode ser replicado em toda a África, assim como e em algumas regiões do Brasil, “onde as pessoas podem e devem aproveitar campos e áreas para plantar o milho, o feijão, a mandioca e, assim, com a agricultura campesina, produzir a própria comida, ampliar e resolver problemas de fome que também assolam o nosso país. A agricultura familiar, a agricultura agroecológica é a solução”.

De acordo com o professor Medeiros, a partir de 2013, a Universidade Lúrio também vai oferecer o programa de pós-graduação para atender estudantes de Moçambique, passando a integrar a Associação Internacional de Mestrados em Práticas em Desenvolvimento Sustentável (GlobalMDP). “Eles terão a mesma grade e a mesma lógica de treinamento de campo, mas como nós levamos os alunos para Moçambique para ter essa visão diferenciada da realidade, os mestrandos da Unilúrio vão poder desenvolver o treinamento de campo no Brasil para ter essa experiência internacional.”

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