Cônsul de Santos recebe homenagem em Ansião, sua terra natal

Por Odair Sene
Mundo Lusíada

Armênio Mendes retornou recentemente em Portugal, e foi homenageado em sua terra natal, Ansião, distrito de Leiria. Cônsul-honorário de Portugal em Santos e empresário radicado na mesma cidade, Mendes citou o momento como ímpar. O evento ocorreu na sede da Câmara Municipal de Ansião, na oportunidade o presidente Rui Rocha lhe entregou a maior honraria da cidade, a Medalha de Ouro de Ansião.

“Foi um momento ímpar exatamente por ser homenageado na terra onde eu nasci, e onde não tenho obra feita, a minha obra está toda fora daquela região, e até mesmo fora de Portugal porque ela está no Brasil. Os ansianenses reconheceram isto, porque a medida que se faz uma obra, certamente as pessoas perguntam onde nasci e cito a minha terra. Então com um trabalho realizado aqui estou engrandecendo o lugar onde nasci”, declarou o homenageado.

Durante a homenagem, Armênio Mendes afirmou que quando saiu de Ansião não tinha nada. O presidente da Câmara, por sua vez, afirmou que era motivo de orgulho para eles um homem que um dia saiu dali com “um saco às costas” e hoje volta um homem respeitado por todas as autoridades do Estado onde ele vive, e até mais, é amigo até do ex-presidente da República no Brasil, com quem “fumava um charuto com o Lula”.

O homenageado no entanto, fez questão de dizer que o valor moral a levantar tudo o que ele construiu, ele trouxe de sua terra. “Se não fosse isto, eu não teria empreendido da forma que empreendi e não teria conquistado os amigos que conquistei lá [no Brasil]. A nossa formação moral, na época que eu nasci em Portugal, era uma coisa muito séria. Acima de tudo está o dever, e depois vem o resto. É assim que recebemos educação, não só na minha aldeia, acho que em todo Portugal. Vivíamos naquela época uma ditadura militar que obrigava as pessoas primeiro a respeitar os outros e depois exercer o seu direito. Eu nem sei se os direitos naquela época eram questionados, mas os deveres muito”.

O homenageado frisou que a educação vinda da sua família e do povo da sua terra fez a pessoa que é hoje. “Eu carrego isso no peito e irei carregar até o fim da minha vida”. Segundo ele, é importante ter este reconhecimento de trabalhar no Brasil e poder projetar o nome da sua terra natal fora. “Vou deixar a modéstia de lado, mas eu fiz história nessa terra, em Santos”, diz Armênio Mendes, que em 2013 completa 50 anos no Brasil.

Investimentos em Portugal

Ansião é hoje uma região bastante industrializada. O ex-presidente da Câmara, Fernando Marques, hoje deputado da Assembléia da República portuguesa, e amigo pessoal de Armênio Mendes, criou uma área industrial na região que está quase toda ocupada com empresas que lá se instalaram.

“Lá nunca fiz obra nenhuma, nem tem construções a fazer. Cada um faz a sua própria casa, contrata o banco e faz um financiamento. Mas eu tive sim participação nos últimos 20 anos. Eu construí mais de mil apartamentos em Portugal, em Cascais, em Coimbra. O prédio mais alto de Coimbra fui eu que construí, há 10 anos ou mais”.

Além desta contribuição para o desenvolvimento de Portugal, o empresário do ramo imobiliário já tem aprovado um projeto para construção de 48 casas. “Não sei se vou construir ou não, mas é um projeto lindíssimo. Está aprovado e tudo preparado para seguir adiante. Mas na verdade, Portugal está vivendo um momento único tão difícil, se construiu tanto em Portugal nos últimos 20 anos que hoje tem excesso de moradias construídas. E é isso que me impede de dar início a esse grande projeto que tenho lá”, refere o empresário completando que, comercialmente, é necessário fazer algo melhor e diferente do que já existe.

“A banca foi um pouco responsável por tudo aquilo que hoje está acontecendo em Portugal e em toda a Europa. E por tudo aquilo que aconteceu nos Estados Unidos. E eu temo que isso se repita no Brasil. Temos hoje um excesso de construções sendo levantadas que não sei se conseguimos escoar todo produto que está sendo feito. A medida que compramos uma casa e nos endividamos, passamos a ter a receita comprometida durante muitos anos, e isto leva certamente o país a uma recessão lá na frente”, disse.