Da Redação
Com Lusa
O vereador da CDU (Coligação Democrática Unitária) na Câmara do Porto, Pedro Carvalho, denunciou em 03 de agosto a falta de uma “estratégia coordenada” da autarquia no turismo da cidade e defendeu a “urgente” descida do IVA no setor da alimentação, que atravessa “extremas dificuldades”.
Em declarações à agência Lusa à margem de reuniões com associações e com o sindicato do setor da hotelaria e restauração (alimentação), o dirigente do PCP anunciou que, em setembro, irá apresentar “propostas concretas” na área do turismo na reunião do executivo.
Segundo Pedro Carvalho, dos encontros que vem mantendo com empresários e associações do setor resultou que “todos entendem que é necessária uma definição estratégica do ponto de vista do turismo da cidade do Porto”.
“Está a haver um claro problema de consolidação no setor hoteleiro na cidade, que está a aumentar muito a oferta de hotéis, nomeadamente de gama alta, quando o crescimento da procura não está a acompanhar. Tem que haver, do ponto de vista do licenciamento da câmara, uma política que não permita o aumento da oferta hoteleira na cidade sem consolidar a oferta já existente, ou temos um problema de sustentabilidade a longo prazo muito complicado”, sustentou.
Transversal ao setor da hotelaria e restauração do Porto é, segundo o autarca, “uma inércia, inatividade e falta de estratégia política do ponto de vista da câmara”: “Muito do que de bom acontece é por iniciativa privada e muitas das dificuldades que estão a ser sentidas nestes setores têm que ter respostas pelos próprios. Não existe uma estratégia coordenada do ponto de vista do turismo na cidade do Porto”, considerou.
“O setor da restauração está a passar por extremas dificuldades. As informações que nos chegam dos contatos que temos tido são que as quebras de consumo poderão chegar a 50% e no volume de negócios a cerca de 30%. Podemos estar aqui com o encerramento de um ou dois estabelecimentos de restauração por semana em termos médios, correspondente a cinco a seis postos de trabalho por semana em risco de desaparecer ou já destruídos”, disse Pedro Carvalho.
Segundo referiu, o setor da restauração “está a ser afetado de uma forma generalizada pela quebra de rendimentos resultante do programa de austeridade e pela contração das empresas que afeta a atividade de lazer e turismo de negócios”, tendo esta situação sido “agravada com o aumento de 77 por cento da taxa de IVA”, de 13 para 23 por cento, “que se tornou algo incomportável e contraproducente”.
“Muitos empresários internalizaram este aumento, o que vai ter consequências no seu volume de negócios e nas dificuldades de tesouraria. Muitos estão a tentar aguentar durante esta época alta do verão para quando reabrirem, em setembro, verem se conseguiram comportar os prejuízos que tiveram”, sustentou o vereador.
Na sua opinião, “o aumento do IVA vai tornar-se incomportável”, sendo que, no Porto, “a situação ainda é mais grave”, com a região a concentrar cerca de 40% das perdas totais de emprego no setor.
Para a CDU Porto, o regresso do IVA na restauração à taxa intermédia de 13% é “urgente” e deve ser acompanhada “por medidas específicas para o setor, nomeadamente do ponto de vista do crédito e financiamento”.
“É preciso que a câmara não só reivindique isto junto ao poder central, mas que estabeleça ela própria, com as associações patronais e sindicais, medidas que sejam viáveis para tentar atenuar os problemas do setor”, defendeu.