Jovens voluntários estrangeiros atraídos por um Portugal sem crise

Da Redação
Com Lusa

Várias aldeias do Parque Natural de Montesinho são invadidas pelo colorido de jovens voluntários de várias nacionalidades que escolhem passar as férias a trabalhar para as comunidades locais e em contato com a Natureza.

Cerca de 200 jovens belgas, franceses e holandeses escalam andaimes para retocar a pintura de edifícios comunitários, varrem ruas, limpam caminhos e margens dos rios em troca da simpatia e da hospitalidade locais.

O jovem belga Maxime Roosens está pela primeira vez em Portugal, que conhecia de cantar “Ai se eu te pego”, do futebol de Cristiano Ronaldo e da crise nos noticiários, que não se revela no quotidiano que vivencia na aldeia de Espinhosela, a menos de um quarto de hora de Bragança.

“Quando cheguei aqui, não vi crise”, afirmou o jovem estudante, deliciado com “o sol, o ambiente e a gente”, mesmo que o trabalho seja “um pouco duro”.

Trabalham, mas também se divertem, tanto nas visitas e contato com a biodiversidade do parque, como em atividades com as populações locais, que incluem as típicas festas e arraiais do verão transmontano.

Motivos que levam outro jovem do grupo, Remy Quievleux, a garantir que vai “falar bem de Portugal”.

Este já não é o primeiro ano que Patrocínio Edra e Urbino Vaz, dois seniores da aldeia, contatam com os grupos de voluntários internacionais e só têm a dizer bem da experiência.

“Ficamos muito contentes com eles, eram muito brincalhões”, contou Patrocínio sobre o ano anterior e com o mesmo vaticínio para o grupo que acabou de chegar à aldeia, trazendo “alegria” ao pacato quotidiano, além da generosidade.

“Os de cá não querem trabalhar, nem pagando. Se a gente precisar de qualquer coisa não deitam a mão”, atira Urbino, embora reconheça que são poucos os jovens que residem na aldeia, com a exceção dos fins de semana, quando se juntam às famílias.

Já os jovens estrangeiros “vêm mesmo para trabalhar, querem trabalhar”, como realçou o presidente da junta de freguesia, Telmo Afonso, que recebe, pelo segundo ano, um grupo de voluntários que acrescentam “ânimo, alegria e cor” à aldeia.

As oito aldeias de Montesinho que acolhem estes voluntários disponibilizam instalações e o parque assegura a logística da estadia aos jovens do programa internacional de voluntariado que ajudam a “reforçar a ligação” entre a área protegida e as populações e a preservar e promover este património natural transmontano.

“Serão os nossos melhores embaixadores depois nos países deles, portanto é fundamental para nós”, afirmou Vitório Martins, o responsável pelo Parque Natural de Montesinho.

Segundo disse, a procura de Portugal nestes programas tem aumentado de ano para ano, sendo que neste verão “ficaram sete grupos em lista espera”, porque a logística já não permitia receber mais.

O programa das estadias é elaborado de acordo com as necessidades que as freguesias apresentam, além das atividades de lazer dentro da protegida.

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