Programa brasileiro traz humor direto de Portugal

FernandoCaruso em Lisboa. Foto: Divulgação

Por Ígor Lopes

Uma dose temperada de humor, informações quase que motivacionais e uma pitada de turismo. Foram esses os ingredientes que marcaram o programa “Muito Giro”, do canal de tv a cabo Multishow. O programa foi gravado em Portugal e o dono da festa foi o humorista Fernando Caruso, figura corriqueira nos eventos de Stand-Up Comedy e no métier humorístico brasileiro.
Agora alargando fronteias, Caruso percorreu cerca de 15 cidades portuguesas e sacudiu o dia a dia lusitano, sempre acompanhado de figuras hilárias e com “sacadas” bem pertinentes. Ao todo foram 13 episódios que mostraram uma enxurrada de humor e conversas descontraídas do outro lado do oceano. O programa foi exibido de 30/08 a 27/09 e de 03/11 a 29/12, do ano passado.
Fernando Caruso se formou em publicidade e propaganda pela Pontifica Universidade Católica (PUC) em 2003, mas, desde cedo, se dedicou à área artística. No seu currículo constam mais de 15 peças, duas premiadas. Na televisão participou dos programas “Correndo atrás” e “Zorra total”, além de novelas e seriados, todos da TV Globo. Estreou no cinema com o filme “Irma Vap” de Carla Camurati em 2005.
O Mundo Lusíada conversou com Caruso. De forma descontraída, o humorista contou ao nosso jornal como foi atuar em Portugal, que lições tira dessa experiência e como foi a receptividade do público por lá.
Esse trabalho se destacou por ser uma forma diferente de mostrar Portugal. Um projeto que desde o início cativou a direção do canal da Globosat.
Mundo Lusíada (ML): Como nasceu o projeto “Muito Giro” (Giro em Portugal quer dizer algo bonito, em tradução livre. Daí a brincadeira com essa expressão, que, no Brasil, dá a idéia de circular pelos lugares)?
Caruso (C): Partiu de um convite do próprio canal (Multishow), que queria me levar para Portugal (talvez quisessem me tirar do Brasil para descansarem um pouco da minha cara, risos), porém sem uma idéia formatada. A partir daí, desenvolvemos o programa com o tema que eu mais gosto: comédia.
ML: A intenção era mesmo ser um programa de humor?
C: Diferente do “De Cara Limpa”, a estrutura do “Muito Giro” é mais investigativa. O programa estuda a comédia em Portugal e busca material cômico para usar no palco, durante as apresentações que fiz no país.
ML: Que cidades visitou em Portugal?
C: Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Cascais, Sintra, Óbidos, Guimarães, Ribeira D´Ilhas. Foram em torno de 15 cidades. Nunca consigo lembrar todas de cabeça, sempre fica faltando alguma. Assim como os sete pecados capitais e os nomes dos sete anões.
ML: Que locais mais lhe impressionaram?
C: Óbidos e Guimarães, pela história e a imponência. Não temos muitos castelos no Brasil (fora os de areia).
ML: Foi a sua primeira vez em Portugal?
C: Já tinha visitado o país outras quatro vezes e, em uma delas, me apresentei com o Nilton, que também fez parte do programa dessa vez.
ML: Que lições você tira dessa “ronda” por terras lusitanas?
C: Que essa é uma excelente época para comprar apartamento em Lisboa.
ML: Lidar com os humoristas de lá foi tranquilo?
C: Sim, muito! Todos foram muito receptivos e muito pacientes comigo. A convivência com eles foi muito boa. O engraçado é que como meus guias eram comediantes, eu nunca sabia quando estavam falando a verdade (a maioria das vezes, não estavam, mas era divertido mesmo assim).
ML: Você vê semelhanças entre o humor do Brasil e de Portugal?
C: Sim, muitas. Mas o que mais chama atenção, obviamente, são as pequenas diferenças. Eu, por exemplo, achei os comediantes portugueses que conheci muito mais elegantes do que a maioria dos meus colegas de palco.
ML: Quando os brasileiros voltam de Portugal, contam várias histórias engraçadas sobre os costumes lusitanos. Tem alguma história que chamou mais a sua atenção por lá?
C: Várias! Todas retratadas no Stand Up no final de cada episódio.
ML: Que tipo de pautas você desempenhou?
C: Fomos investigar as principais diferenças entre o humor luso e brasileiro, além de conhecer um pouco mais a cultura local e fazer apresentações no país.
ML: Que matéria mais gostou de fazer?
C: Difícil escolher uma, foram muitas. Sei que parece clichê, mas é verdade.
ML: O programa tem um perfil forte de humor. Foi fácil fazer as pessoas entenderem esse objetivo por lá? Houve quem ficasse desconfiado?
C: Não, pois a maioria dos entrevistados eram humoristas. Quando eu falava com gente na rua, a maioria das vezes eu estava acompanhado de um comediante local bastante conhecido (graças a fantástica produção local da Claudia Dias), o que me dava alguma credibilidade, mesmo que ninguém tivesse me visto antes na vida.
ML: No geral, como o público reagiu?
C: Riram e não me bateram. Isso já me deixa feliz.
ML: O sotaque foi um problema?
C: Não. O sotaque brasileiro é muito bem visto por lá.
ML: Em que período esteve em Portugal?
C: Junho de 2011.
ML: Vai haver um “Muito Giro” 2?
C: Não sei, mas eu pretendo comprar uma casinha por lá e fazer o mesmo percurso, uma vez por ano, mesmo que seja sem câmeras. Fiz muitos amigos.
ML: Que balanço faz do programa? Foi positivo?
C: Foi extremamente positivo. Como disse, fiz muitos amigos e aprendi muita coisa. Um deles, inclusive, está vindo para o Brasil, ficar aqui em casa. Luis Franco Bastos. Vai se apresentar comigo nos palcos cariocas e depois se aventurará pelos palcos de São Paulo. Já avisei todo mundo, estou bastante ansioso. Aliás, ele seria uma excelente pauta para o vosso jornal.
ML: Quem viajou com você?
C: Fomos eu, o diretor de fotografia, dois diretores (Joanna Mamede e Eduardo Albergaria), uma produtora e a minha namorada, que embora não tenha aparecido no programa, era fundamental atrás das câmeras, para manter a minha sanidade longe de casa.
ML: Para finalizar, do que mais gostou em Portugal?
C: Bacalhau. (Clichê, eu sei, mas é verdade).

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