Da Redação
Com Lusa
Dois conselheiros das comunidades portuguesas entregaram na Presidência da República um abaixo-assinado, com quatro mil assinaturas, de emigrantes manifestando “discordância e veemente protesto” contra o anunciado encerramento do vice-consulado de Portugal em Frankfurt, na Alemanha.
A conselheira Maria de Jesus Kremer disse à Agência Lusa que as assinaturas foram entregues ao assessor de Cavaco Silva para as Comunidades Portuguesas, José Luís Fernandes, num encontro também aproveitado para uma análise das questões humanas e econômicas em jogo.
“Encerrar o consulado de Frankfurt tem consequências a nível humano, mas também econômico. A área abrangida inclui os Estados de Hessen, Renânia-Palatinado e Sarre e é metade da superfície de Portugal. Ali residem entre 25 mil a 30 mil portugueses, aos quais será cortado o elo de ligação com o País”, afirmou a conselheira, adiantando que a alternativa do consulado de Estugarda obrigará a tirar dois dias para tratar de qualquer documento, por causa da distância.
No aspeto econômico, Maria de Jesus Kremer afirma que não entende como é que quando o ministro dos Negócios Estrangeiros pretende lançar um novo tipo de diplomacia, em que se acentua a vertente econômica, Portugal esteja disposto a abandonar uma cidade com a importância financeira de Frankfurt.
“Não faz sentido fechar um consulado na principal praça financeira da Europa, que tem instalações privilegiadas, a 10 minutos da Feira de Frankfurt. Nestas coisas, quem não está presente não existe. Quando dizemos “Não” ao encerramento do consulado é a pensar na nossa gente, mas também no nosso País em situação econômica difícil” referiu, sintetizando que em vez de abrir portas, Portugal está a fechá-las.
Apesar de se mostrar receptivo aos argumentos dos dois conselheiros (Maria de Jesus Kremer e Teo Mesquita), o assessor de Cavaco esclareceu que o assunto está sob a alçada do Governo.
“Nós sabemos isso e tentamos ser recebidos pelo ministro dos Negócios Estrangeiros ou pelo secretário de Estado das Comunidades, mas ambos têm agendas indisponíveis. Tentamos fazer chegar a mensagem ao Governo através deste nosso contato”, reagiu Kremer.
No entender dos conselheiros da área consular de Frankfurt, o encerramento do consulado, que já foi adiado de finais de dezembro para princípios de fevereiro, devia ser protelado, para que possa ser feita uma análise ponderada das consequências de tal medida e das sinergias que se perderão.