Por Everton Calício
Considerada por muitos a mais tradicional das Festas Juninas da cidade de São Paulo, a festa junina da Portuguesa irá completar em mais uma edição seus 88 anos.
Povo festeiro, os portugueses trouxeram os festejos de Junho para o Brasil junto consigo, transformando as noites geladas de inverno em intensos arraiais. Na capital paulista não foi diferente; a Portuguesa, que começou com os festejos juninos no ano de 1925, implantou os festejos pela primeira vez em um salão dentro do Parque da Aclimação, próximo da onde era sua primeira sede, a Rua Cesário Ramalho, no Cambuci.
A festa deu tão certo, que no ano seguinte foi transferida para o estádio do Cambuci, transformando os famosos encontros da colônia portuguesa em um dos eventos mais concorridos da sociedade paulistana da época.
Ligada inicialmente à religião a festa era realizada apenas no dia de São João, 24 de junho, por isso ganhou o apelido de Festas Joaninas. Na época, os festejos iniciavam às 20 horas, e as atrações da noite eram fadistas e músicos populares, principalmente o famoso Zé Pereira, e claro, não podia faltar às barracas de vinho verde do Zé Maria, com bolinhos de bacalhau, caldo verde, quentão e vinho quente; além de leilão de prendas ofertadas à São João e no final da festa os fogos de artifício.
Após ficar na Cesário Ramalho até o final da década de 1930, a Lusa, continuou os festejos até chegar ao famoso Parque Shangai, em 1947, primeiro grande parque de diversões da cidade e que ficava onde é hoje a Igreja Deus é Amor, no Glicério. A Portuguesa, como forma de encontrar uma criativa solução para o arrendamento do parque para as festas, destinou 15% de comissão da venda dos ingressos para a administração do parque.
Já transformadas em um dos maiores eventos da cidade, a festa Junina foi trazida para o Canindé no ano de 1957, um ano após a mudança da Lusa para o local. Os mais antigos lembram até hoje com saudade da barraca Trasmontana, onde eram assadas as sardinhas e também dos shows de grupos de folclóricos luso-brasileiros, tempos que os mais antigos e os mais novos em todos os junhos vão rememorar nas Festas Juninas da Portuguesa.
Por Everton Calício
Securitário, estudante de jornalismo e pesquisador e memorialista sobre as Indústrias Matarazzo e a Família Matarazzo no Brasil. Atua também como diretor do Museu Histórico “Dr. Eduardo de Campos Rosmaninho” da Associação Portuguesa de Desportos e conselheiro da Fundação Pró Memória de São Caetano do Sul.