Da redação
Em alusão ao Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro), os três centros de pesquisa da Embrapa no estado do Rio de Janeiro (Agrobiologia, Agroindústria de Alimentos e Solos) promovem no próximo dia 15, na sexta-feira às 10h, uma live “Sistemas Alimentares Sustentáveis: Oportunidades e Desafios”. A transmissão será pelo canal da Embrapa no YouTube.
O moderador do evento será o analista Gustavo Porpino, da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió-AL), reconhecido por seu trabalho no tema desperdício de alimentos.
A palestrante da Embrapa Agrobiologia (Seropédica) será a pesquisadora Mariella Uzêda, que abordará agricultura, conservação e segurança alimentar. “Atualmente, 75% da alimentação humana se restringe a 12 plantas, das quais três são hegemônicas – milho, trigo e arroz. É muita simplificação”, conta a cientista. “Desvalorizamos tanto o conhecimento local que hoje se estabeleceu um rótulo para a comida – comida de pobre e comida de rico. E o que é comida de rico? Carne e os ultraprocessados. É uma inversão muito grande!”, completa.
Já pela Embrapa Solos (Rio de Janeiro), fará a apresentação a também pesquisadora Ana Paula Dias Turetta, que tem projeto aprovado no Edital Rural Sustentável, “Sustentabilidade à mesa: desenvolvendo queijo curado artesanal baixo carbono no Cerrado, com responsabilidade socioambiental e bem estar animal”.
Ana também fez a abertura, no dia 30 de junho, do webinar “Oportunidades de Foodtech no Brasil”, evento organizado pela “Low Carbon Business Action” Brasil, em conjunto com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
A Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro) terá como convidado o pesquisador Murillo Freire Junior, licenciado em Ciências Agrícolas; Engenheiro Agrônomo; com mestrado e doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos; Pós Doutorado no CIRAD em Montpellier/França; e representante brasileiro do Comitê de Peritos da FAO-América Latina e Caribe para o tema perdas de alimentos.
Murillo vai discorrer sobre o desperdício de alimentos, com foco no público urbano.
Os assuntos em pauta também foram abordados durante a Conferência de Ministros da Agricultura das Américas 2021, cujo tema foi: “Sistemas Agroalimentares Sustentáveis, Motor do Desenvolvimento das Américas”.
Hábitos e diversidade
A perda da biodiversidade e a relação da humanidade com a comida foram temas abordados pela pesquisadora Mariella Uzêda em seu capítulo no livro Isto não é (apenas) um livro de receitas, lançado em 2019 pelo Instituto Comida do Amanhã em parceria com a Unirio e a Fundação Heinrich Böll Brasil. A obra reúne receitas diversas, com foco na sustentabilidade, no reaproveitamento e no uso de ingredientes incomuns, além de textos escritos por profissionais ligados de uma forma ou de outra à alimentação, como nutricionistas, cozinheiros, biólogos, engenheiros de produção, professores, especialistas em sistemas alimentares urbanos e segurança alimentar.
Mariella também descreve, no Brasil, o processo de importação de uma cultura alimentar exótica, que foge às tradições locais e ao uso de plantas nativas – hoje muitas vezes rebaixadas para a categoria de ‘mato’. “O potencial da biodiversidade local é pouco reconhecido pelas ciências agrárias e florestais, e grande parte do patrimônio cultural das populações locais é pouco valorizado, o que reforça a atribuição de rótulos pejorativos a esses alimentos”, explica. “É necessário repensar todo o sistema agroalimentar, desde a semente até a mesa, para que se possa garantir alimentação de qualidade à população”, acrescenta.
O livro é uma extensão do trabalho já desenvolvido para a produção do relatório Comida, Saúde, Planeta, lançado pela comissão Eat-Lancet, um documento mundial sobre alimentação e problemas alimentares recorrentes atualmente. “Hoje vemos falta de acesso à comida e fome, ao mesmo tempo em que temos altos índices de obesidade e desperdício. A isso tem-se dado o nome de sindemia – e esse relatório fala muito disso e do quanto os sistemas produtivos simplificados acabam contribuindo para isso, uma vez que são atrelados à indústria”, aponta Mariella.
O livro está disponível para download no site aqui.