5 mil pessoas assistiram ao Festival Conexão Lusófona em Lisboa

Luis Represas foi chamado ao palco pelo Antonio Zambujo. Foto Alfredo Matos
Luis Represas foi chamado ao palco pelo Antonio Zambujo. Foto Alfredo Matos

Da Redação

A lusofonia invadiu Lisboa e juntou mais de cinco mil pessoas no Largo do Intendente na terceira edição do Festival da Conexão Lusófona. Dez artistas trouxeram ao palco o melhor da música dos países de língua portuguesa, num concerto repleto de animação e muita conexão, o programa contou com uma sequência de atuações conjuntas, na noire de 05 de julho.

Lançadas no mundo da pop, Andrea Soares e Liliana Almeida, do Projeto Kaya, abriram o concerto com a já famosa Fangolé, que mescla o fado português e o semba angolano.

Logo após, receberam no palco Paulo de Carvalho para cantarem Ai se um Dia, poema da cabo-verdiana Vera Duarte por ele musicado. Em seguida, o cantor interpretou Um Beijo à Lua. Uma das figuras principais da luta pela democracia em Portugal, Paulo de Carvalho era presença obrigatória no ano em que se completam 40 anos do 25 de Abril.

A voz da experiência soou no dueto de Paulo de Carvalho e Paulo Flores, no clásico Meninos do Huambo, da autoria do angolano Ruy Mingas. O kota Paulo Flores seguiu em palco com o tema Ser da Lata e logo após com Mama Lélé desta vez, na companhia do filho, Kiari Flores.

Na sequência, Paulo Flores recebeu a cabo-verdiana Lura para mais um encontro inédito na música. De mãos dadas, interpretaram É só o ma bô.

A menos de um mês após retornar aos palcos portugueses, Lura emocionou o público com Raboita di Rubon Manel e fez todo mundo dançar com as enérgicas Vasulina e M bem di fora.

O guineense Patche di Rima manteve a animação em alta e
levantou o público com Guiné ten ku tene paz. Patche de Rima é o atual ídolo da juventude guineense e deu a conhecer o estilo Siko, que, nas suas palavras, é “um convite para uma nova abordagem da identidade cultural e da responsabilidade coletiva no desenvolvimento da África em geral e da Guiné-Bissau em particular”.

Sucesso nas Redes Sociais, os Calema subiram ao palco para mostrar o encanto de São Tomé e Príncipe. Acompanhados só de uma guitarra e um cajon, António e Fradique cantaram um medley de dois temas do seu primeiro álbum de originais, que manteve o público a dançar.

Kay Limak trouxe com a sua guitarra uma mistura de estilos orientais com origens em Timor-Leste. Um magnífico momento instrumental em que a plateia se deixou envolver pela boa energia do povo maubere.

As milhares de pessoas que lotavam o Intendente dançaram ao ritmo da boa disposição de Stewart Sukuma com a sua Xitchuketa Marrabenta. Vindo de Moçambique especialmente para representar o País, o cantor apresentou ainda Bata Batata e Poema do Semba, esta última ao lado do angolano Paulo Flores.

Inicialmente sozinho no palco, António Zambujo mostrou o que tem de melhor com a envolvente Lambreta. Em seguida interpretou Zorro acompanhado de Luís Represas, a quem localizou na plateia pouco antes de subir ao palco e convidou para um dueto-surpresa.

“Apesar de ter sido a primeira vez que participei, já acompanho há algum tempo o projeto. Só não entrei antes porque não conseguia conciliar a agenda, então participar este ano foi mais que bom, foi inevitável. Encontrei o Luís Represas pouco antes de entrar no palco e pronto! Já tínhamos feito um concerto no Castelo de São Jorge há alguns anos, então desafiei-o a cantar Zorro comigo. Isso revela um bocadinho do espírito do festival, que é a partilha, a cumplicidade entre os músicos e toda a equipe que está lá nos bastidores” explicou o português.

A ginga brasileira foi representada pelos Couple Coffee. Participando pela segunda vez no festival (estiveram também na primeira edição, em 2012), Luanda Cozetti e Norton Daiello começaram sua participação acompanhados de Zambujo, em Último Desejo, de Noel Rosa.

Tanto Mar, de Chico Buarque, escrita em homenagem à Revolução dos Cravos e Vampiros, de Zeca Afonso, lembraram os 40 anos do 25 de Abril.

O espetáculo teve a direção musical assinada por P.L.I.N.T (Pablo Lapidusas International Trio), formado por Pablo Lapidusas (piano), Marcelo Araújo (bateria) e Leo Espinoza (baixo) e produção musical a cargo da EKAYA Productions. Para enriquecer ainda mais o concerto, a banda contou ainda com a participação dos músicos João Ferreira (percussão), Múcio Sá (guitarra, cavaquinho e guitarra portuguesa) e Joni Schwalbach (teclas e samplers).

A música Sodade, da diva dos pés descalços Cesária Évora, foi a escolhida para fechar o evento, em uma homenagem aos 39 anos de Independência de Cabo Verde. Lura comandou a música, acompanhada dos demais artistas.

“Celebrar a independência de Cabo Verde com estes artistas é uma confirmação dos passos que damos em direção à liberdade de expressão. É uma excelente forma de comemorar, ao lado dos meus manos de países que passaram pelos mesmos desafios que os cabo-verdianos na luta pela liberdade” explicou Lura.

Os artistas ainda voltaram todos ao palco, desta vez acompanhados da equipe da Conexão Lusófona para cantar Venham mais Cinco de Zeca Afonso.

Após o concerto, Laura Vidal, presidente da Conexão Lusófona, deixou uma mensagem de agradecimento aos artistas: “Quando fundamos a Conexão Lusófona, estávamos certos de que devíamos fazer esta construção de mãos dadas com os artistas de todos os nossos países pelo papel importantíssimo e fundamental que a cultura tem na aproximação dos povos e na construção de uma Comunidade de afetos, forte, ligada e unida na sua diversidade. Este é o poder da cultura. Os artistas da lusofonia são a nossa maior inspiração e esperamos continuar a contar com eles nesta nobre caminhada”.

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