43% dos brasileiros pretendem usar o 13º salário para pagar dívidas

Pesquisa feita pela fintech Onze mostrou que alta no valor dos alimentos foi o que mais impactou o orçamento das famílias em 2022.

Da Redação

A primeira parcela do décimo terceiro salário está sendo paga a partir deste mês pelas empresas e, ao que tudo indica, será destinada prioritariamente ao pagamento de dívidas. Isso é o que mostra uma pesquisa recente realizada pela Onze, fintech de saúde financeira e previdência privada, com 1587 trabalhadores de todo o Brasil.

Apesar de ter demonstrado uma leve queda em relação ao ano passado, quando 50% das pessoas ouvidas estavam endividadas, o número de 2022 ainda é bastante expressivo: 43% dos entrevistados estão com as contas atrasadas, sendo que 67% estão negativados.

A dívida mais comum é o cartão de crédito (64%), seguido pelo empréstimo pessoal/consignado (26%) e pelas contas da casa (24%).

Quando perguntados sobre as causas do endividamento, 34% dos respondentes apontaram a alta no preço dos alimentos como grande vilã. Em seguida aparece o desemprego, com 22% das respostas, e a desorganização financeira, com 17% dos apontamentos.

A pesquisa mostra ainda uma queda no percentual de brasileiros que pretendem usar parte do décimo terceiro para compras de Natal: 26% em 2021 contra apenas 9% em 2022. Outros 13% disseram que utilizarão o dinheiro para os gastos de começo de ano, como o IPTU e as matrículas escolares, e 9% querem poupar o décimo terceiro.

O número de entrevistados que pretendem usar o dinheiro para viajar também teve uma queda discreta, passando de 11% no ano passado para 7% neste ano.

Outro dado interessante da pesquisa foi que apenas 7% pretendem investir o décimo terceiro, sendo que a maior parte (38%) vai investir entre 20% e 50% do salário. Entre os investidores, a maioria pretende alocar o dinheiro em renda fixa (32%), seguida por poupança e fundos de investimento, ambos com 21%, e ações – com 14% das respostas. O principal argumento de quem não vai investir é ter outras prioridades de gastos (40%).

Ainda com o cenário trazido pela pesquisa, 85% dos entrevistados estão otimistas para o próximo ano. O principal motivo é o bom momento pessoal (40%), seguido pelo novo presidente eleito (37%).

De acordo com Ana Paula Netto, consultora financeira da Onze, “O atual cenário econômico de alta da inflação e consequente alta dos preços deixou muitos brasileiros em uma situação financeira difícil. Diante de uma realidade em que as pessoas estão endividadas, investir ou ter gastos extras pode realmente não ser uma opção. Mas o que me chama mesmo a atenção são os 17% de endividados por desorganização financeira. O que pode ser feito para que esse número seja revertido ao longo do próximo ano?”, indagou a consultora, ressaltando a importância de se planejar e se educar financeiramente.

Lojistas

Também uma sondagem feita pela ALSHOP (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) entre seus associados, diante do 13. salário, o fluxo de pessoas nos shoppings devem crescer 30% nas próximas semanas motivado pela injeção de R$ 250 bilhões na economia brasileira, revertendo no avanço de vendas em relação ao mesmo período do ano passado.

No entanto, ainda não há uma estimativa de crescimento nas vendas motivado pelas festas de fim de ano.

Segundo o levantamento da entidade, mesmo com a alta do dólar no último mês, a inflação, e também o alto índice de endividamento que prejudica as expectativas do comércio, o setor ainda mantém a confiança e espera ter um movimento acima da média.

“Mesmo diante de vários fatores, a expectativa dos lojistas associados é que uma parcela desse valor possa movimentar ainda mais as compras de final de ano, bem como a extensão de algumas promoções ainda dos resquícios da Black Friday, passando ainda pela Cyber Monday”, comenta Luis Augusto Ildefonso, diretor institucional da ALSHOP.

De acordo com os dados, parte do montante do 13° será usado para quitar dívidas para que os cidadãos possam voltar às compras, outra parcela será destinada ao comércio e outra parte será reservada para poupança.

“Do outro lado do balcão o lojista se preocupa com o cenário político econômico para tomar suas decisões tendo em vista o próximo ano. A política econômica não está clara, enquanto o dólar mais alto e a perspectiva de aumento de gastos no novo governo deixa investidores apreensivos”, completa Ildefonso.

Cerca de 85,5 milhões de brasileiros serão beneficiados com esse rendimento adicional, dos quais 66,9% do total irão para os empregados formais, incluindo os empregados domésticos, e 33,1% serão pagos aos aposentados e pensionistas.

Regionalmente, a parcela mais representativa do décimo terceiro salário é destinado para a região sudeste, com 49%; a região sul tem 17% do total; a região nordeste tem 20,1%; já o centro-oeste fica com 9% e finalizando com a região norte fica com 4,9% do total do décimo terceiro pago.

Segundo a ALSHOP, lojistas estão com uma boa expectativa para o Natal como data tradicional para comércio. “Nas conversas que temos sempre se mostram otimistas para a data, pois se tem vários fatores que auxiliam os consumidores a irem às compras como a própria injeção do 13º salário e também as contratações temporárias, mas ainda é um pouco cedo para se ter números concretos”, finaliza Ildefonso.

 

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