O Fundo Monetário Mundial prevê que, em 2010, o Brasil terá 2,90% de participação na produção de riqueza mundial, vale dizer 2,90% do PIB do globo, mesmo considerando um crescimento previsto, neste ano, em 7,1% contra 4,6% do planeta.
Todos os economistas mais conscientes do País sabem que este crescimento de 7,1% não é sustentável por falta de infra-estrutura, e que será menor em 2011.
O governo tem aplicado pouco mais de 1% do PIB em investimentos e o PAC, apesar das disponibilidades financeiras, ficou muito aquém do planejado e previsto, amarrando o desenvolvimento nacional.
O próprio aquecimento do mercado preocupa pois a inflação pode retornar, sendo o aumento de juros a única arma de que dispõe o Governo Federal, visto que o peso da máquina estatal cresceu assustadoramente na era Lula.
Foram contratados, entre administração direta e indireta, mais de 350.000 servidores públicos concursados ou não.Só para se ter idéia do peso burocrático, pouco mais dos 900 mil servidores aposentados da União geram um déficit na previdência de 47 bilhões de reais, enquanto 27 milhões de aposentados do setor privado, apenas 43 bilhões!!!
Por outro lado, no ano de 2010, nas transações correntes, o déficit será de quase 50 bilhões de dólares, o que vale dizer: com a queda do saldo previsto da balança comercial, o saldo negativo do balanço de pagamentos será, talvez, o maior da história brasileira.
Acresce-se que, nas exportações, voltamos aos mesmos índices de produtos de valor agregado da década de 80, ou seja, exportamos em torno de 45% de produtos industrializados contra mais de 50% na década de 90. E começamos a importar de tudo por conta do real supervalorizado.
Estou convencido de que o governo federal nunca desejou uma reforma tributária, pois, detendo 70% do bolo tributário, e quase 60%, após as transferências para Estados e Municípios, não pretende correr o risco de perder tal participação na arrecadação tributária global.
O certo é que o quadro para o futuro não é brilhante, havendo pontos de estrangulamento notórios, não passíveis de análise neste curto artigo, o que levará, qualquer que seja o futuro presidente, a ter que colocar a casa em ordem.O mais curioso, todavia, é que, em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, a participação do Brasil no PIB global era de 2,92%, vale dizer 0,2% a mais do que no último ano do governo Lula. Isto representa que apesar de o Brasil ter crescido, o mundo cresceu mais.
De rigor, Fernando Henrique entregou o governo ao Presidente Lula com uma participação no PIB global maior do que Lula entregará a seu sucessor.
É de lembrar-se que, em 2000, a China tinha uma participação no PIB global de 7%, a Índia de 4%. Os indianos pularão, em 2010, para 5% e a China para 13%, enquanto o Brasil regredirá para 2,90%.
Em outras palavras, nada obstante o aumento do PIB per capita, o Brasil cresceu apenas pelo “efeito maré” da economia mundial, a qual, apesar da monumental crise de 2008 e 2009 e da crise européia de 2010, se comportou melhor que a economia brasileira.Roberto Campos, ao prefaciar meu livro “Desenvolvimento Econômico e Segurança Nacional – Teoria do limite crítico” disse que a melhor forma de “evitar-se a fatalidade é conhecer os fatos”. Infelizmente, o mundo da fantasia raramente se coaduna com a realidade do mundo.