26 de outubro de 2016

Filmado em Buenos Aires documentário sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes

Foi filmado em Buenos Aires um documentário sobre a vida do português Aristides de Sousa Mendes.

Sousa Mendes é conhecido por ter sido cônsul em Bordéus e na Antuérpia e por ter contrariado as ordens do Governo de António Salazar para conceder milhares de vistos a refugiados que fugiam da França ocupada pelos nazis, durante o holocausto.

“Aristides era um homem como qualquer outro simplesmente que num desses cruzamentos que nos sabe pôr a vida não reagiu como a maioria” diz o cineasta Victor Lopes, argentino com nacionalidade portuguesa.

Levar ao ecrã do público americano a história de Sousa Mendes é um dos objetivos do realizador com uma equipe formada nas universidades Argentinas de cinema baixo a atenta olhada de Paula Fossatti e Ramiro Klement, junto aos atores Melissa Zwanck y Nahuel Vec, Lopes vai aportar “o seu grãozinho de areia” aos que já vêm realizando faz muito tempo em diversos lugares do mundo, familiares, amigos e seguidores da causa Sousa Mendes.

Enquanto os argentinos filmavam o documentário na cidade de Buenos Aires, o Presidente de Portugal Marcelo Rebelo de Sousa anunciou em Nova Iorque, no mês de setembro, que vai condecorar Aristides de Sousa Mendes com a “Grande Cruz da Ordem da Liberdade”, reconhecendo que “hoje lhe devemos a Aristides muito mais do que sabiamos até agora”.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou durante encontro em Nova Iorque com uma dezena de pessoas, já idosas, que Aristides de Sousa Mendes salvou do regime nazi, que vai condecorar a título póstumo o cônsul português com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

“Para Aristides tinha sido fácil desocupar com o exército ou a policia os jardins da Embaixada que nesse momento encheram-se de homens, mulheres e crianças perseguidos procurando un salvoconduto que os levara ao porto de Lisboa sem embargo Aristides não o fez. Sousa Mendes não chamou as tropas alemãs. O que eu faria? O que farias tu? O que fariam os nossos atuais Embaixadores de Portugal ao redor do mundo?” indaga Victor Lopes.

A estréia do documentário “Aristides um homem bom” está prevista para o fim do ano e se realizará no marco do Festival Internacional dos Direitos Humanos. Segundo Victor Lopes, a proposta causou boa recepção por tratar-se duma história praticamente desconhecida e que ainda desperta certa polêmica nos setores mais conservadores da sociedade portuguesa.

“Assim como alguns portugueses me dão vergonha e pelo qual peço desculpa ao mundo inteiro, há também outros, como Aristides de Sousa Mendes que é o orgulho de um Portugal moderno e vigoroso que respeita os direitos humanos e rejeita qualquer tipo de autoritarismo e ditadura”.

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