Mundo Lusíada
Com Lusa
A saída de Alberto João Jardim da chefia do Governo Regional da Madeira, após quase quatro décadas no poder, está a ser encarada no arquipélago como o momento que vai marcar o ano de 2015.
O polêmico e carismático presidente do PSD/Madeira, o político português há mais tempo em funções desde a instauração do regime republicano em Portugal, assumiu a chefia do Governo Regional a 17 de março de 1978, com 33 anos. Desde então, somou 46 vitórias eleitorais consecutivas, assegurando uma maioria no parlamento regional e chegou “pintar” de laranja a totalidade dos municípios.
O cenário alterou-se nas autárquicas de 2013, os sociais-democratas perderam sete das 11 câmaras municipais, o que foi encarado como um sinal de que “algo vai mal no reino” de Jardim e levou à profusão de candidatos à sua sucessão no PSD/Madeira.
Durante os últimos anos, apenas o ex-presidente da Câmara do Funchal, Miguel Albuquerque, ousou desafiar a liderança de Alberto João Jardim, defrontando-o nas últimas eleições internas, em novembro de 2012, e nas quais foi derrotado por pouco mais de uma centena de votos.
O ‘reinado’ de Jardim deixa como marca a construção de infraestruturas em todo o território, aproveitando sobretudo os fundos comunitários, entre as quais se destacam as obras da reconstrução das estruturas afetadas pelo temporal que afetou a região a 20 de fevereiro de 2010. Mas esta transformação teve como preço, uma elevada dívida pública, avaliada em 6,3 bilhões de euros, o que resultou num plano de ajustamento econômico e financeiro negociado com o Governo da República, que ditou uma elevada carga fiscal para os madeirenses e a perda de alguma da autonomia.
Alberto João Jardim fez da “luta pela Madeira e os madeirenses” a sua bandeira, mas não conseguiu promover uma revisão constitucional que dote a região de maior autonomia fiscal, nem conseguiu extinguir o cargo de Representante da República.