13 mortos em tragédia no maior arraial da Ilha da Madeira

Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (E), ladeado pelo presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (2D), durante a visita que efetuou ao Hospital Central do Funchal. HOMEM DE GOUVEIA/LUSA

Mundo Lusíada
Com Lusa

O Presidente português já chegou ao Funchal com o intuito de “testemunhar conforto, solidariedade e apoio” ao povo madeirense num “momento de dor” após a tragédia na Madeira. Questionado sobre o apuramento das responsabilidades, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “neste momento de dor” o importante agora “é testemunhar a solidariedade, é testemunhar o conforto e estar junto daqueles que sofrem”.

O número de vítimas mortais da queda de uma árvore no Monte, concelho do Funchal, subiu para 13, segundo o Governo da Madeira após a reunião extraordinária do Conselho do Governo que determinou luto regional entre quarta e sexta-feira. Entre as vítimas mortais estão ainda quatro estrangeiros de três nacionalidades (alemã, francesa e húngara).

“Considerando os trágicos acontecimentos ocorridos hoje na freguesia do Monte, no concelho do Funchal, do qual resultaram 13 vítimas mortais e 50 feridos”, o Conselho do Governo, reunido em plenário, deliberou “decretar luto regional nos dias 16, 17 e 18 de agosto”.

Segundo a mesma resolução, naqueles três dias “a bandeira da região deve ser colocada a meia haste em todos os serviços públicos regionais e nas entidades do setor público empresarial da Região Autónoma da Madeira”.

Nesta tarde, numa conferência de imprensa, Miguel Albuquerque tinha anunciado a realização de uma reunião extraordinária do Conselho do Governo para decretar três dias de luto regional.

Treze pessoas morreram e 50 ficaram feridas na sequência da queda de uma árvore de grande porte durante a Festa do Monte. O incidente ocorreu cerca das 12:00, num local onde se concentravam muitas pessoas para participar naquele que é considerado o maior arraial da Madeira, momentos antes de sair a procissão, que foi cancelada.

A Festa do Monte, o maior arraial da Madeira em honra da padroeira da ilha, foi marcada pelo segundo ano consecutivo por uma tragédia, sendo a segunda vez que a queda de uma árvore mata populares em agosto na região. No ano passado, as festividades de caráter mais profano deste arraial foram canceladas devido aos incêndios que afetaram o Funchal na segunda semana de agosto.

Responsabilidades

O presidente da Câmara Municipal do Funchal assegurou que a árvore que caiu é um carvalho que não dava sinais de qualquer problema. “A árvore que caiu hoje é um carvalho, não um plátano […]. Apresentava uma copa verde e saudável, não aparentando qualquer anomalia fitossanitária”, disse Paulo Cafôfo, em conferência de imprensa.

O autarca adiantou que a árvore em causa “nunca esteve sinalizada como em perigo de queda e também nunca deu entrada nos serviços camarários qualquer queixa com vista à sua limpeza ou abate, por parte de instituições públicas, mormente da junta de freguesia do Monte, do proprietário do terreno, nem dos cidadãos”.

Segundo o responsável, “todos os pedidos e reclamações que deram entrada nos serviços camarários, desde 2013, disseram respeito a sucessivas limpezas de plátanos, que foram sempre prontamente efetuadas”.

Paulo Cafôfo sublinhou também que “a árvore que caiu não estava amarrada a qualquer cabo”, mencionando que esta situação acontece entre um plátano, um loureiro e um til, que “não foram afetados” e estão relacionados com uma decisão tomada pela anterior vereação, liderada por Miguel Albuquerque, atual presidente do executivo madeirense, devido a “uma fissura” que neste momento “já está consolidada e não oferece perigo”.

Ainda referiu que o Largo da Fonte “padece de um problema histórico de ramagens de plátanos, com o qual a Câmara do Funchal tem vindo a lidar de forma responsável ao longo dos últimos anos”.

Informou que, tendo em conta a realização da festa do Monte, os serviços municipais procederam à limpeza de todos os plátanos naquela zona e, desde 2014, procedeu ao abate de 11 árvores de porte diversos naquela freguesia que “apresentavam problemas estruturais que foram detetados”.

“A Câmara Municipal do Funchal assumirá todas aquelas que forem as suas responsabilidades”, declarou. “Assumo, pessoalmente, que tudo faremos na prossecução das respostas que se exigem e no esclarecimento rigoroso, transparente e cabal daquilo que aconteceu hoje no Monte”, afirmou, adiantando que será efetuada uma perícia, “a partir de amanhã [quarta-feira], por uma empresa especializada, em parceria com uma técnica do Instituto Superior de Agronomia”.

“Não há palavras para exprimir o choque e o sofrimento que volta a assolar o concelho em mais este momento de perda coletiva”, sublinhou o autarca funchalense, informando que o município está a trabalhar em “articulação” com o Governo Regional e outras entidades no apoio aos familiares das vítimas.

Cafôfo referiu que “não foi convidado” para a conferência de imprensa convocada pelo executivo madeirense para fazer o ponto da situação, mas recusou “entrar em polêmica”.

Pesar

O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, emitiu nota manifestando o seu “profundo pesar” familiares das vítimas e aos feridos na sequência da tragédia.

“O Representante da República para a Madeira vem por este modo manifestar os seus sentimentos de profundo pesar aos familiares das vítimas falecidas como também os desejos de melhoras aos feridos da tragédia de hoje,”, diz o juiz conselheiro na nota divulgada na região. Ireneu Barreto recorda que esta tragédia ocorreu “na freguesia do Monte, numa das maiores manifestações religiosas que se realizam na Região Autônoma da Madeira”.

O executivo insular liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque também expressou o seu “profundo pesar pelos trágicos acontecimentos ocorridos esta manhã” e decretou dois dias de luto regional.

Também o Presidente do Governo dos Açores expressou ao chefe do executivo da Madeira sentidos pêsames pelas vítimas e “a total solidariedade por mais esta provação” que atingiu o arquipélago.

Divulgou nota de pesar também o BE/Madeira. Para o partido, “o luto e a necessária ajuda aos familiares das vítimas são, neste momento, as grandes prioridades de todos quantos sofrem com esta tragédia, sem prejuízo de ulteriores apuramentos das causas desta calamidade que voltou a abater-se” na região.

Todas as forças políticas anunciaram a suspensão das iniciativas de pré-campanha eleitoral previstas.

Um vídeo que estava transmitindo o evento ao vivo pelo Facebook mostra o momento da queda da árvore (nos minutos finais da transmissão):

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