10 Junho: “Nós precisamos de vocês em Portugal”, diz Montenegro a alunos na Suíça

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa (E), acompanhado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro (D), participa num encontro com alunos de português no âmbito das Comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em Genebra, na Suíça, 11 de junho de 2024. ESTELA SILVA/LUSA

Mundo Lusíada com Lusa

 

Em Genebra, o primeiro-ministro português afirmou neste dia 11, perante alunos de uma escola de ensino português, que deseja que sejam felizes na Suíça, mas frisando que também são necessários em Portugal.

“O nosso objetivo é que sejam felizes e realizados nos locais onde se encontram – alunos, professores e comunidade -, mas nós também precisamos de vocês em Portugal”, afirmou Luís Montenegro, no primeiro ponto da deslocação conjunta com o Presidente da República à Suíça, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.

O chefe do Governo apelou a que estes jovens continuem a aprender “a língua, a história e a cultura portuguesa” e que “mantenham vivos os laços” que os unem às famílias, amigos e interesses em Portugal.

“O Governo de Portugal, o vosso governo acolher-vos-á no nosso território para ajudar a criar uma sociedade mais forte, social e economicamente, para ser mais justa e dar uma oportunidade a todos”, afirmou.

Luís Montenegro considerou “muito reconfortante” verificar que a cultura e A língua portuguesa “estão bem vivas” na Suíça, país que acolhe cerca de 260 mil emigrantes portugueses.

“Estarmos aqui hoje por decisão do Presidente da República é sinônimo da proximidade e da importância que damos a estar convosco (…) Nós portugueses somos capazes de ser tão bons como os melhores ou mesmo os melhores dos melhores”, enalteceu, dando como exemplo o poeta Luís de Camões, cujas comemorações dos 500 anos do nascimento arrancaram na segunda-feira em Coimbra.

Depois das intervenções iniciais, o Presidente da República e o primeiro-ministro, sentados num palco de uma das salas de aula, precisamente com um desenho de Luís de Camões por trás, responderam a algumas perguntas dos alunos, com idades entre os 11 e os 14 anos.

“Como acha que me sinto quando sou emigrante e não pertenço a nenhum lugar?”, questionou Francisca Martins.

O primeiro-ministro pediu-lhe para se sentir “sempre portuguesa” e aproveitou para falar também sobre a situação dos imigrantes em Portugal, quase um milhão, muitos deles com filhos a estudar nas escolas portuguesas.

“Digo muitas vezes que eles devem sentir-se também portugueses, novos portugueses, e que Portugal lhes quer bem. Quem pensa assim para os que recebe no seu pais, também deve ter respeito para os que recebem bem os nossos, a Suíça recebeu sempre bem os portugueses, defendeu.

Em resposta a outra aluna, que lhe perguntou o que pode fazer para que os jovens não deixem Portugal, Montenegro reiterou que essa é uma prioridade do atual Governo.

“Este Governo nos próximos anos – creio que é um caminho igual em todos os partidos políticos -, todos estamos muito empenhados em ter para a juventude alguma diferenciação positiva para ficarem em Portugal: pagarem menos impostos, terem ajuda para comprar a primeira casa”, exemplificou.

Montenegro repetiu o apelo para que os jovens perante os quais falou hoje “possam pensar em viver em Portugal” ou, pelo menos, “não se esqueçam que muitos dos seus familiares e amigos estão lá”.

“Continuem a ajudar-nos, a levar mais investimento para Portugal e abrir mais empresas portuguesas aqui. E façam um esforço para preservar um dos mais valioso patrimônio que nos une a todos: a língua”, pediu.

Já questionado se gostava de ir à escola quando era jovem, Montenegro disse que sim, mas admitiu que “a parte de que mais gostava eram os intervalos”.

“A escola é uma oportunidade, não desperdicem essa oportunidade, aproveitem para aprender e para se divertir”, aconselhou.

Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou hoje a importância da comunidade portuguesa na Suíça, afirmando que este país, escolhido este ano para a celebração no estrangeiro do 10 de Junho, não seria o mesmo sem os portugueses.

“Celebramos aqui porque os portugueses são muito importantes na Suíça. A Suíça não era a mesma se não houvesse portugueses”, disse o Presidente da República, dirigindo-se a dezenas de alunos portugueses.

Numa escola («Cycle d’orientation des Grandes-Communes») com três turmas de ensino de português, Marcelo destacou a importância de os jovens terem querido aprender a língua portuguesa, sublinhando tal ajuda a ligá-los mais a Portugal, mas também ao resto do mundo.

“Vocês quiseram aprender português. Isso é muito importante, para estarem ligados sempre a Portugal. Mas é mais importante porque o português é uma das cinco línguas mais importantes do mundo. São 300 milhões de pessoas em todo o mundo que falam português, em África, na Ásia, nas Américas, na Europa, no Pacífico. Por isso, é importante para estarem ligados a Portugal, mas também importante para estarem ligados ao mundo”, disse.

Emigrantes

O primeiro-ministro pediu ajuda aos emigrantes portugueses na Suíça para que ajudem a estreitar as relações econômicas entre os dois países, reiterando o apelo para que mantenham “a chama viva” da ligação a Portugal.

Num encontro com a comunidade portuguesa num teatro completamente cheio, Luís Montenegro salientou que muitos dos portugueses emigrantes nesta região são “pessoas muito qualificadas” em várias áreas de atividade.

“O que vos peço é que ajudem o Governo e as instituições portuguesas a ter ainda mais oportunidades para podermos exportar bens e serviços para este país e para podermos acolher em Portugal turistas e investimentos financiados por empresas e investidores que possam contribuir para o nosso desenvolvimento”, disse.

Tal como tinha feito no primeiro ponto da deslocação conjunta com o Presidente da República à Suíça, Montenegro aproveitou este “momento de encontro da família portuguesa” para repetir um apelo.

“Desejo que mantenham a chama viva da vossa ligação a Portugal, nunca percam a esperança de voltar a estar connosco, seja em momento de lazer e férias, seja para tornarem a fazer o dia-a-dia nos nossos territórios, junto dos vossos amigos e famílias”, apelou.

O chefe do Governo aplaudiu a ideia de o Presidente da República conjugar, nas comemorações do Dia de Portugal, o território nacional com uma deslocação ao estrangeiro.

“Pudemos estar, como ontem estivemos em Pedrógão Grande e Coimbra, e hoje aqui estarmos aqui convosco para podermos celebrar a portugalidade, a forma de ser português, a garra portuguesa”, saudou.

Montenegro assegurou que o Governo PSD/CDS-PP que lidera desde 02 de abril está ao lado dos emigrantes portugueses e conta, “para os próximos anos”, com o seu trabalho e dedicação a Portugal.

“É propósito do Governo ter cada vez mais condições para que os jovens portugueses não tenham de fazer aquilo que muitos aqui fizeram”, afirmou.

O encontro com a comunidade portuguesa iniciou-se com os hinos dos dois países – o de Portugal interpretado por um coro infantil – e foi acompanhado por deputados de todos os partidos com assento parlamentar, à exceção do PAN, que não pôde estar presente.

Também o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, acompanha a primeira deslocação conjunta de Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro ao estrangeiro, bem como os autarcas dos municípios de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Coimbra, onde se realizou (a par de Figueiró dos Vinhos) a comemoração nacional do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Já o Marcelo explicou que escolheu este ano a Suíça para agradecer a uma comunidade de 260 mil portugueses, que, ao longo de duas, três gerações, se foi “moldando no tempo, mas que continua portuguesa, forte, influente e respeitada”.

“Eu queria agradecer-vos hoje aquilo que vos devemos em todos os níveis – no prestígio na atividade desenvolvida, na respeitabilidade aqui na Suíça, no serem a comunidade portuguesa que no último ano mais contribuiu em remessas em todo o mundo, ultrapassando a comunidade francesa, e no manterem as ligações à nossa pátria comum”, disse, perante sala cheia no Teatro de Carouge.

Insistindo que os portugueses são “os melhores dos melhores, a adaptar-se aos climas, às culturas, às línguas, aos hábitos, a demonstrar capacidade para dialogar, para falar com todos, entender todos, aceitar todos, praticar o respeito da diferença”, o chefe de Estado disse, no entanto, reconhecer a comunidade portuguesa na Suíça também enfrenta dificuldades.

O encontro terminou com um concerto da fadista Cuca Roseta.

Depois das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na véspera em território nacional, em três concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 – Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera – e Coimbra, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro estão na Suíça, para celebrarem junto da segunda maior comunidade de emigrantes portugueses no mundo, de cerca de 260 mil.

Naquela que é a primeira deslocação conjunta ao estrangeiro, Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro têm agendado ainda além do encontro com a comunidade portuguesa em Genebra, na quarta-feira rumam a Zurique, com uma ‘escala’ em Berna, para um encontro com a Presidente da Confederação Suíça.

 

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