Da Redação com Lusa
O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa avisou hoje que as instituições internacionais e portuguesas ou “mudam a bem ou mudarão a mal”, ou seja, “tarde e atabalhoadamente”.
No discurso da cerimônia comemorativa do 05 de Outubro, na Praça do Município, em Lisboa – e que conta com a presença, entre outros, do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva – Marcelo Rebelo de Sousa aludiu “à guerra global feita de muitas outras guerras” e alertou para os tantos que insistem “em não ver que a balança de poderes do mundo está em mudança”.
“E ou as instituições internacionais ou domésticas mudam a bem ou mudarão a mal. E mal porque tarde e atabalhoadamente”, avisou.
Na análise do Presidente da República isto poderá acontecer se houver atrasos com o clima, a energia, a inteligência artificial ou em relação ao “peso das comunidades” como as Nações Unidas, União Europeia, CPLP, NATO ou mundo ibero-americano.
“Tudo isso poderá suceder com a incapacidade ou a lentidão do superar da pobreza e das desigualdades sociais, ou no reconhecimento do papel do mulher, ou do papel das minorias migrantes e em particular dos jovens”, alertou.
Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu ainda que é possível ter “democracias mais fortes” caso não se opte por “esperar para ver”, pedindo reformas “a sério” para evitar mudanças vindas dos pântanos e “revolver águas paradas”.
No seu discurso, o chefe de Estado deixou diversos avisos sobre a necessidade de mudanças e reformas quer em termos internacionais quer em termos nacionais.
“A mudança chegar porque se prefere a antecipação ao conformismo, a abertura ao fechamento, a alteração das mentalidades, das instituições e das práticas ao situacionismo e à inércia. Só depende de nós. Nós, responsáveis a todos os níveis, nós povos, nós cidadãos de Portugal, da Europa e do mundo”, defendeu.
Exortando a que não se deixe “morrer essa liberdade” em que vivemos, “incluindo a liberdade de pensamento e de expressão, custe o que custar”, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório: “Podemos fazer democracias mais fortes se não nos contentarmos em esperar para ver”.
“Podemos fazer organizações universais mais fortes se não nos habituarmos a prometer ano após ano a sua reforma, sabendo que não vamos cumprir. Podemos reformar a sério, prosseguir o caminho das reformas, para não termos de ver contrarreformas fazerem ou pretenderem fazer aquilo que fizemos de conta que não importava assumir”, defendeu.
No entanto, para o Presidente da República caso as instituições e os sistemas demorem “eternidades a compreender que devem evoluir e reformar-se, reaproximar-se dos povos e desse modo não deixarem espaço para que outros preencham o vazio que vão deixando atrás de si”, há um risco evidente.
“Tudo isto poderá suceder e mais depressa do que se pensa: a mudança submergir pântanos, revolver águas paradas, abrir comportas demasiado tempo encerradas”, alertou.
Lisboa
O Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, anunciou hoje que a cidade vai festejar “com uma grande iniciativa o 25 de Novembro”, além do 25 de Abril de 1974, “porque todas as datas contam”.
Carlos Moedas discursava na Praça do Município, em Lisboa, como anfitrião das celebrações do dia da Implantação da República, que hoje assinala 113 anos.
No seu discurso, perante diversas entidades, antes do discurso do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Câmara de Lisboa destacou que há “datas que se tornam símbolos”, que podem ser reduzidos “a meros ritos cerimoniais, repetitivos e rotineiros” ou “datas lembradas no papel, mas sentidas com apatia pelas pessoas”.
“Podemos fazer deste 05 de outubro mais uma data celebrada pelos políticos, mas de certa forma ignorada pelas pessoas. Ou podemos olhar para ela como um tiro de partida para algo melhor”, disse.
“Aproveito para anunciar que para além da data histórica do 25 de Abril festejaremos também com uma grande iniciativa o 25 de Novembro. Porque todas as datas contam”, acrescentou.
Na terça-feira, em conferência de imprensa, o presidente da Assembleia da República disse que as comemorações dos 50 anos da operação militar de 25 de Novembro de 1975 estão ainda fora do programa oficial das comemorações parlamentares do cinquentenário da revolução do 25 de Abril de 1974 e da Constituição de 1976.
“Na comissão organizadora decidimos que seria assumido como programa as datas e os eventos que tivessem uma leitura consensual entre nós. Por isso, decidimos focarmo-nos na sequência da revolução de 25 de Abril de 1974, primeiras eleições livres, aprovação da Constituição e primeiras eleições para a Assembleia da República, Presidente da República, autonomias regionais e autárquicas”, justificou Augusto Santos Silva.
Ainda sobre esta questão do 25 de Novembro de 1975, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros ressalvou a seguir que tal “não significa que não venham a existir outras iniciativas de comemorações de outras datas”.
“Iniciativas de grupos parlamentares, da conferência de líderes ou de mim próprio nesse decurso”, completou.