Da Redação com Lusa
O Presidente português defendeu neste 05 de Outubro que Portugal tem de valorizar os seus emigrantes e imigrantes, sem discriminação, afirmando que uns e outros, com a sua diversidade, moldam a identidade nacional e lhe dão projeção universal.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem na cerimônia comemorativa do 111.º aniversário da Implantação da República, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, em Lisboa, num discurso em que apelou a “um Portugal mais inclusivo”.
“O Portugal que somos nunca vencerá os desafios da economia e do conhecimento se não soubermos assumir sem traumas nem complexos que a nossa identidade nacional é feita da valorização dos nossos emigrantes espalhados pelo mundo, cerca de seis milhões, e também dos imigrantes, 600 mil nas estatísticas – e num caso como noutro bem mais nos factos em descendentes e cruzamentos diversificados”, declarou.
O chefe de Estado acrescentou que a identidade nacional é feita “de raças, culturas, religiões, costumes, práticas, às dezenas e centenas, com a sua diferença e o seu direito à não discriminação”.
“Elas e eles moldam essa identidade nacional, dão projeção universal, natalidade, riqueza material e espiritual que é de todos nós”, prosseguiu, pedindo “não discriminação, lá fora e cá dentro, plenamente assumida”.
Nesta intervenção, de perto de nove minutos, Marcelo Rebelo de Sousa fez um balanço do desenvolvimento do país, considerando-o insuficiente, e deixou um alerta sobre a situação do mercado livreiro, da cultura e da comunicação social.
“Não podemos esquecer a língua e a cultura que tudo abarcam. Como é que podemos falar a sério de termos a quinta ou sexta língua mais usada no mundo e a primeira no hemisfério sul aceitando tantas vezes como sociedade e como fato natural a situação econômico-financeira crítica que vivemos no livro, nalguma comunicação artística ou na comunicação social?”, questionou.
Segundo o Presidente, Portugal deu “tantas vezes passos muito importantes” em termos de desenvolvimento, mas ainda assim acabou “por ficar para trás” em comparação com outros países, “mesmo depois de anos ou décadas de crescimento e convergência econômica”.
No seu entender, é preciso uma aposta mais abrangente no conhecimento com “muitos, muitos mais na educação, na ciência e na cultura”.
“Os que temos são mais e melhores do que eram há 10, há 20, há 30 anos – e, quando muito bons, dos melhores dos melhores de todo o mundo – mas precisamos de muitos, muitos mais, nas escolas, nos centros de investigação, nas empresas e nas instituições sociais”, disse.
Data Viva
O Presidente pediu que se faça do 05 de Outubro uma data viva, com um Portugal mais inclusivo e que entre a tempo no “novo ciclo da criação de riqueza”, aproveitando os fundos europeus.
“Queremos um 05 de Outubro data viva, então criemos um Portugal mais inclusivo, até porque o Portugal que somos nunca vencerá os desafios da entrada a tempo no novo ciclo econômico e da multiplicação do conhecimento com dois milhões de pobres e alguns mais em risco de pobreza”, declarou o chefe de Estado.
Depois, o Presidente da República apelou a que “Portugal por uma vez entre a tempo – isto é, nos primeiros, e não no meio e menos ainda nos últimos – num novo ciclo econômico do clima, energia, digital, ciência, tecnologia e renovado tecido produtivo”.
“E dispondo de meios de financiamento adicionais, a serem usados com rigor, eficácia e transparência”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que, “desta vez, falhar a entrada a tempo é perder, sem apelo nem agravo, uma oportunidade que pode não voltar mais”.
“Portugueses, este 05 de Outubro de 2021 terá mesmo sentido para todos nós se for uma data viva. Uma data viva quer dizer um Portugal inclusivo e, por isso, mais justo. Uma data viva quer dizer um Portugal capaz de não perder o novo ciclo da criação de riqueza – e porque mais rico mais inclusivo e mais justo. Uma data viva quer dizer um Portugal mais conhecedor, mais qualificado, mais culto – e por isso mais rico, mais inclusivo e mais justo”, reforçou, no final do seu discurso.
O Presidente da República acrescentou que, “superada a pandemia” de covid-19, Portugal tem “nos anos próximos uma ocasião única e irrepetível de reconstruir destinos, de refazer esperanças, de renovar sonhos”.
“A pensar em todos os portugueses, e desde logo nos que mais desesperam, e neles nos mais jovens, que são quem mais sofrem se essa ocasião passar ao nosso lado sem a assumirmos. Não a podemos perder. Não a vamos perder. Viva a República, viva Portugal”, concluiu.