Aumento de turistas do Brasil, Japão e Israel “surpreende” na Páscoa

Mundo Lusíada
Com Lusa

A Procissão da Nossa Senhora da Burrinha decorreu na noite de 28 de março, que apesar da chuva, juntou milhares de pessoas nas ruas da cidade de Braga. Mais de 800 figurantes envergando trajes “bíblicos” contam a “mais linda história da Humanidade” na Procissão da Burrinha. HUGO DELGADO /LUSA
A Procissão da Nossa Senhora da Burrinha decorreu na noite de 28 de março, que apesar da chuva, juntou milhares de pessoas nas ruas da cidade de Braga. Mais de 800 figurantes envergando trajes “bíblicos” contam a “mais linda história da Humanidade” na Procissão da Burrinha. HUGO DELGADO /LUSA

 

A afluência de turistas na Páscoa registrou na Região Centro de Portugal uma “ligeira quebra” nos “mercados tradicionais” da Europa, mas cresceu da parte de países como o Brasil, Japão e Israel, surpreendendo o Turismo Centro de Portugal. “Podemos estar aqui a abrir novas oportunidades para o futuro”, disse à agência Lusa o presidente da entidade Pedro Machado.

Baseando-se em dados da rede de postos de turismo da região, recolhidos no sábado dia 30, Pedro Machado congratulou-se com “a importante novidade” que constitui, em relação à Páscoa de 2012, o aumento significativo da procura de mercados como Brasil, Japão e Israel, registrando subidas de, pelo menos, 04%, 40% e 50%, respectivamente. “Assistimos ao aparecimento de novos mercados ou mercados emergentes”, disse.

Realçando que a afluência de turistas brasileiros “continua a crescer, desde há três anos, de forma significativa”, Pedro Machado disse que o mercado escandinavo, designadamente da Dinamarca, também registra uma evolução “muito positiva”.

No caso de Israel, a subida da procura nesta quadra da Páscoa, superior a 50%, “poderá explicar-se pela presença judaica” na Região Centro, afirmou o presidente da Turismo do Centro, dando o exemplo do Museu Judaico de Belmonte, no distrito de Castelo Branco, como um dos motivos de atração turística para o mercado israelita.

Nos mercados tradicionais, como Espanha, França, Itália e Alemanha, “houve uma diminuição”, a qual afetou “em particular o mercado interno”, sublinhou. A habitual vinda de espanhóis ao Centro de Portugal, durante a Páscoa, diminuiu este ano entre 10% e 15%, tal aconteceu da parte dos turistas franceses.

Fátima

Os hotéis em Fátima registraram durante a Páscoa taxas de ocupação inferiores a 2012, disseram à agência Lusa alguns dos responsáveis de unidades localizadas junto ao santuário da Cova de Iria. “O Lux Mundi tem estado esgotado durante toda a semana santa, desde o domingo passado até ao próximo sábado”, enquanto o Lux Fátima e o Lux Fátima Park estão com uma taxa de ocupação na ordem dos 60% e dos 25%, respectivamente, especifica António Gonçalves.

Este ano, o Hotel Avenida de Fátima foi confrontado com cancelamentos de grupos, algo que “não é normal em relação a outros anos”, explica uma das responsáveis pela gerência, Natércia Vieira, sublinhando que ao contrário do que é habitual “foi preciso dar resposta mais a pedidos individuais”.

Já o administrador do Fátima Hotels – marca da qual fazem parte o Estrela de Fátima, o Luna Fátima Hotel, o Hotel Regina, o Cruz Alta e o Coração de Fátima – sustenta que não se pode queixar das taxas de ocupação. “São idênticas a anos anteriores”, compara Pedro Pereira, assinalando, contudo, um decréscimo de turistas espanhóis, “presença habitual durante este período”, mas “sobretudo de portugueses, devido, com certeza, ao momento que se atravessa”.

Ainda assim, os espanhóis, juntamente com os coreanos e brasileiros, ocupam a lista de nacionalidades mais representada nestas unidades hoteleiras.

Alentejo

As principais unidades hoteleiras do Alentejo estiveram quase cheias no fim de semana prolongado de Páscoa e há algumas anteriormente lotadas, sobretudo com turistas portugueses.

“Alentejo e Páscoa continua a ser um casamento perfeito”, disse à Lusa o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, Ceia da Silva, referindo que, “em termos médios”, a ocupação das unidades hoteleiras na região “ronda os 85%” e sobretudo com famílias portuguesas.

Por outro lado, as unidades com menos estrelas registraram taxas de ocupação menores, o que “é natural e um efeito da crise na capacidade financeira da classe média”, disse Ceia da Silva.

Em Évora, os hotéis de cinco estrelas, o Convento do Espinheiro e o M’AR De AR Aqueduto, já tinham taxas de ocupação de 80% para o fim de semana de Páscoa, mas esperavam esgotar com reservas de última hora.

Olhão

Um chefe de Olhão ofereceu no dia 30 um folar gigante à população local, numa iniciativa que visa a “superação pessoal” e envolve três dias de trabalho contínuo de mais de uma dezena de pessoas.

Filipe Martins, chefe premiado no festival de chocolate de Óbidos, é o principal rosto da iniciativa e já oferecera no Natal um bolo-rei à população, atraindo à cidade algarvia centenas de pessoas para apreciarem o seu trabalho.

Para esta Páscoa, Filipe Martins decidiu voltar a oferecer o doce tradicional da época, distribuindo à população cerca de 300 quilogramas de folar, divididos por seções montadas numa mesa, com o apoio da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) e da Câmara de Olhão, na parte logística.

Filipe Martins explicou que a confecção do folar representa um gasto de 3.000 euros e envolve dias de trabalho, praticamente sem descanso, para conseguir ter os 80 metros de bolo prontos a tempo.

O chefe algarvio lamentou a falta de mais apoios, sobretudo monetários, para fazer o folar gigante, frisando que o seu principal objetivo é dar a conhecer o seu trabalho como pasteleiro e proprietário de dois estabelecimentos. “Não estamos interessados em bater recordes nem nada. Fazemos isto para nos superarmos e mostrarmos que somos bons naquilo que fazemos. Ainda há pouco tempo esteve cá a revista do chefe inglês Jamie Oliver e fizemos vários folares para eles, o que demonstra que nós aqui em Olhão somos bons a fazê-los e temos bons produtos”, afirmou.

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