Mundo Gastronômico: Doçaria Portuguesa

Por Bete Carneiro

Pastéis de Belém em receita original de 1837. Foto: Reprodução

Como estamos no mês da Independência do Brasil, iremos fazer uma viagem no tempo.

Com a descoberta do Brasil, vieram parte da corte portuguesa, padres, etc. Mas com a chegada da Família Real ao país em 1808, eles trouxeram muito mais que nobreza, serviçais, jóias, porcelanas, vestidos e gravatas, costumes. Eles trouxeram a parte mais agradável, ao meu ver, que é a religiosidade católica e a arte da culinária, em destaque a doçaria.

Foi com os portugueses que aprendemos a técnica de cozimento chamada refogar. Foi também com toda a doçaria criada em conventos portugueses, que temos a herança de ótimas guloseimas, porém com grande quantidade de açúcar e ovos.

Quando falo de doçaria de convento, ou melhor doçaria conventual, viajo no tempo, imagino como estes homens e mulheres chegaram sem tecnologia, sem produtos industrializados, a doces tão maravilhosos, que a cada dia ganham mais destaque em nossas mesas e em nosso paladar.

Gosto muito de comer, porém gosto de comer história. De saber a origem, o ano, as dificuldades da época. Com isso vejo como Deus é maravilhoso, ele nos dá o solo, as sementes, e dali brota uma esperança, a qual se transforma em alimento bruto, que mais tarde se transforma em outros alimentos, dependendo da criação e disposição de cada pessoa.

Cresci em uma casa que cheirava açúcar, e mais tarde aprendi como a história anda junto com o paladar. Quem é que não tem na memória o cheiro do  café da manhã, sendo passado em coador de pano e no forno o cheiro de uma broa de milho ou mesmo um pão de queijo? Até dá para sentir. Isso é história de um tempo, de pessoas que muitas vezes não estão mais entre nós.

Assim é com a doçaria portuguesa, ao comer uma Queijadinha ou Queijada de Sintra ou mesmo um Pastel de Santa Clara, estou comendo doces feitos em convento que datam o século XIII. Quando como um Pastel de Belém, vem toda a história do Mosteiro de Jerônimo, em 1837, e as dificuldades dos frades em mantê-lo economicamente, levando-os a vender seus pastéis a turistas. Até mesmo sinto quando a revolução os expulsaram, e daí um frade pasteleiro vendendo sua receita, a mais cobiçada do mundo, ao empresário português Domingos Rafael Alves, o qual abriu a Pastelaria de Belém – Oficina do Segredo, e até hoje seus descendentes mantém esta receita guardada a sete chaves, obedecendo-a sem mudar nada. Todos os outros lugares que fazem este pastel devem chamá-lo de Pastéis de Nata, pois não é a receita original. O Pão de ló que em cada região de Portugal leva um nome, como: Afeizeirão, Arouca, Margaride e o Ovar que dada 1781, segundo o livro “Os Passos”, do padre Manoel de Oliveira Lírio, onde os padres que levavam o andor da procissão dos passos eram presenteados com pão de ló de Ovar.

Entendem quando falo que a história é a pitada final no sabor do que degustamos? Assim é que devemos, neste mês, entender melhor nossa história, entender o que aquele príncipe regente, chamado Dom Pedro, quis dizer com “Independência ou Morte”, isso cabe a cada um de nós, pois a interpretação é algo individual.

A receita que escolhi foi Pastéis de Nata, segue a receita:

Ingredientes

Massa Folhada industrializada              300 grs

Creme

Creme de leite fresco                                      250 ml

Açúcar refinado                                              100 grs

Gemas                                                            4 unids

Farinha de trigo                                               1 colher chá

Limão siciliano (raspas da casca)                     ¼ unid

Açúcar com canela (para finalização)   a gosto

Preparo

  1. Desenrolar a massa e cortá-la ao meio no sentido comprimento.
  2. Enrolar uma dessa folha como um rocambole.
  3. Por cima desse rocambole enrolar a outra massa.
  4. Cortar esse rocambole de massa em fatias de aproximadamente 1 cm.
  5. Forrar as forminhas com uma camada bem fina de massa. Levar a geladeira.

Creme

  1. Mistura-se todos os ingredientes, com exceção das raspas de limão.
  2. Leva-se a mistura ao fogo brando até engrossar. Não deixar ferver.
  3. Adicione as raspas de limão. Espere esfriar.
  4. Rechear as bases de massa folhada. Colocar pouco recheio para evitar que vaze durante a cocção.
  5. Levar ao forno pré-aquecido 250°C até firmar e dourar.
  6. Retire das forminhas e no momento de servir, polvilhar açúcar e canela.

 

Bete Carneiro
Consultora Gastronômica, que inicia a coluna “Mundo Gastronômico” falando sobre gastronomia e sua história, no Mundo Lusíada Online.
Site: http://www.doceepimentagastronomia.com.br/

8 Comments

  1. Oi, Bete
    Adorei o seu artigo. Como vc sabe adoro história e vc foi muito feliz em fazer este artigo.
    Tenho saudades das aulas e da nossa turma.
    Bjus e sucesso.

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