Folclore: Traje do Minho poderá ser candidato a Patrimônio da Humanidade, diz membro da Unesco

Por Vanessa Sene
Mundo Lusíada

Depois do Fado ser distinguido Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), surge agora um novo candidato para patrimônio da humanidade, desta vez ligado ao folclore português. São os trajes à vianesa, mais conhecidos no Brasil por trajes minhotos, e muito utilizado pelos grupos folclóricos por aqui.
O Mundo Lusíada foi ouvir o português Alberto Rego, membro do CIOFF-Portugal (Conselho Internacional para Organizações de Festivais de Folclore e Artes Populares) da UNESCO, além de membro de diversos grupos em Viana do Castelo, dentre eles Grupo Etnográfico de Areosa, Associação dos Grupos Folclóricos do Alto Minho, Festival de Folclore de Viana do Castelo, e Festival Internacional de Folclore de Alto Minho.
Este português é da região “mais imitada no mundo em termos de folclore” garante, o Alto Minho, e está desenvolvendo um trabalho em prol da candidatura dos trajes do Minho. Ele esteve recentemente em uma curta visita ao Brasil.
“Minutos depois de sabermos da notícia que o fado tinha sido considerado Patrimônio Imaterial da Humanidade, mandei um e-mail a minha presidente que estava lá exatamente atrás do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Antonio da Costa, dizendo que fiquei feliz por vê-la feliz, sua felicidade foi transbordante. Mas também agora, gente do norte de Portugal, gente que de um palmo de terra fez uma coisa que se chama traje a vianesa, queremos que isso também seja, e foi bem aceito” disse ao Mundo Lusíada o professor Alberto Rego.
Ele contou história de bisavós e trisavós que passaram por uma crise tal como está passando Portugal nos dias de hoje. Não havia dinheiro para comprar roupas, então tiveram a arte de juntar a linha e a lã, e criaram o seu próprio traje. “E hoje é uma peça barroca lindíssima, uma peça que todos gostam de usar e apresentar. Naturalmente que um dia deverá ser Patrimônio da Humanidade, tem muita força para ser, e nós estamos empenhadíssimos nisso”.
Alberto Rego afirmou que conta com folcloristas que estão no Brasil para as ações em prol desta candidatura, e adicionou que toda reprodução da sua terra natal e todos que vão assistir a tais apresentações, também faz parte do contributo para a “universalidade deste movimento que queremos que tenha” afirmou. “Naturalmente esperamos mais, que se juntem, façam um organismo, associação ou movimento dos grupos portugueses, daqueles que usam trajes a vianesa, e não só” pediu. E deu ideia. “Os Amigos do Traje a Vianesa é um grupo que um dia há de surgir por aí, como muita gente para apoiar, no sentido que o traje um dia seja Patrimônio da Humanidade como todas as riquezas culturais e etnográficas desenvolvidas pelas populações”.
Quanto ao prazo para que a candidatura exista e seja mesmo um patrimônio, Rego afirma que depende do apoio das próprias autoridades, além do contributo de toda população em prol dos trajes.

Traje diferenciado
De acordo com ele, o traje minhoto não é melhor ou pior que trajes de outras regiões de Portugal. É apenas diferente. “Tem especificidades, foi criado pela própria mulher de Viana, os outros são todos de fábrica. O vianesa é artesanal, tudo feito a mão”.
Segundo o professor e diretor da Unesco, até mesmo os brasileiros contribuíram para a grandeza e divulgação deste traje folclórico. “Quando Portugal faz as descobertas tínhamos excesso de produtos em Portugal. Então íamos vender para a Europa rica e os grandes imperadores, essa gente que comprava os itens que vinham das Índias também. E o que os marinheiros traziam para as namoradas? Os lenços portugueses, pois os que estão no traje a vianesa. Afinal todos nós estamos contribuindo um pouco para que o traje a vianesa tenha o peso que hoje tem e seja usado por muita gente” afirmou.
Alberto Rego ainda citou a importância da contribuição de todos pela cultura portuguesa, sem “puxar a brasa para sua sardinha”, e sim trabalhar num prol maior que é o folclore. Ele exemplificou com sua experiência de ser presidente de um grupo há 45 anos, além de gerir uma associação de vários grupos, mas é preciso pensar por todos. “Fazemos espetáculos em Viana do Castelo onde intervém cerca de mil pessoas, membros de vários grupos folclóricos, e tendo, por exemplo, 200 rapazes e raparigas a dançar a mesma dança, e 120 músicos a tocar. Tudo isso temos feito em prol da cultura tradicional que queremos preservar, embora eu defenda que folclore é cultural imaterial, temos que valorizar aqueles que são militantes deste naco da cultura” afirmou. “Parabéns também ao vosso jornal que está a ouvir tudo isso e no fundo contribuindo também” finalizou.

11 Comments

  1. Não concordo com o que está com o que está escrito do traje diferenciado. Lamento efectivamente que mais uma vez em Portugal as causas sejam separadas. enfim é o País que nós temos.
    Folclore: Traje do Minho poderá ser candidato a Patrimônio da Humanidade, diz membro da Unesco. Isto não me diz nada
    e os restantes trajos de Portugal, Açores e Madeira
    Lamento
    António

  2. Desculpem mas não concordo porque existem trajos noutras regiões do pais também muito bonitos que os nossos antepassados usavam. Concordava sim se fosse o folclore no seu todo, acho que a ideia de esse senhor professor é sectária e divisionista em relação ao resto do pais. e não traz vantagem aos usos e costumes e tradições dos nossos antepassados nem ao nosso folclore em resumo acho a ideia muito má e perigosa para a cultura do nosso pais.

    1. Concordo plenamente ! Todos os fatos de qualquer região merecem ser Património da Humanidade.Se formos a pormenores à fatos com características bem mais remotas que o fato à Vianesa.
      O Lenço que vulgarmente se diz à ” Minhota ” a sua verdadeira origem é Russa ( Império Austro-Hungaro).Foi adaptado e tornou-se moda nos fins do Século XVIII. Até um dado momento foi importado , no principio do Século XX Passou a ser fabricado em Portugal . Os desenhos eram copiados , porque os russos tinham desenhos espetaculares.Muita gente desconhece a origem dos mesmos.

  3. Tenham juízo! Não caiam na asneira de separar os outros trajes como Douro Litoral, Beiras, Pauliteiros de Miranda, Algarve, Madeira, Açores etc. Isso é que é etnografia e folclore.

  4. CONCORDO PLENAMENTE com a candidatura do traje minhoto a Património da Humanidade.
    Não que os outros trajes portugueses sejam piores mas o de Viana é magnificamente rico, belo, original, aquele ouro que caracteriza tão bem as moças da cidade de Viana do Castelo.
    Quem não concorda que procure informação de como antigamente esses trajes eram usados e por quem. Não era qualquer uma que usava determinado traje!! Nem determinado ouro! Já para não falar das danças e músicas! Folclore que é folclore é no MINHO!

  5. Prezados amigos,
    Não estamos aqui para separar essa ou aquela região, longe disso. Estamos tentando fazer com que Portugal se faça mais presente na esfera cultural e felizmente nosso país tem uma quantidade incontável de belos trajes e todos com o eu valor mas infelizmente não se há como apresentar neste caso específico, tantos elementos e como é de conhecimentos de todos nós, o traje que mais se faz presente em todas as partes onde há imigrantes e ranchos folclóricos ( ou seja em todo o mundo ) é sem sombra de dúvidas o Traje à Vianesa. Gostaria deixar um pedido a todos vós, que não tenham em mente que por bairrismo , estamos apresentando este ítem para candidato à Patrimônio da Humanidade. Vamos nos unir em prol do eu considero mais importante que tudo isso, a união do nosso Povo, pois se por um traje vamos causar uma divisão em nosso, nada disso terá valor. Abraço a todos, Luis.

  6. Sou de viana do castelo á 79 anos, todos os grupos de foclore querem ser todos melhores ums que os outros, existem cá na capital do minho grupos de foclore fundados em 1928 com registos,CARREÇO,SANTA MARTA DE PORTUZELO.ETC. Se realmente a ideia for para candidatura, é de louvar a vida,alegria de cantar o foclore é no ALTO MINHO, reparem na beleza dos trajes e das danças.NÓS MINHTOS DE GEMA FICARIAMOS MUITO FELIZES.

  7. Na verdade a candidatura pode originar conflitos e confusões.
    O fato em questão não é o fato à moda do Minho , mas sim o Fato à Vianeza. Designação errada porque a caracterização correta do fato é de Lavradeira.Viana nunca teve fatos regionais , mas sim as regiões limítrofes junto à cidade.O Fato foi sempre rural mas os pseudos etnógrafos teimam, inventam , alterando as tradições e os costumes da região.Este ano ( 2013 )foi introduzida na ” mordomia ” um fato de Varina .
    Na verdade é um fato da cidade usado pela mulher da ribeira, mas fato de mordoma , nem pensar. O Professor, Doutor Escaleira com responsabilidade acrescidas nesta área , tentou este ano explicar, porque é que A Varina da Ribeira também é mordoma.
    Não convenceu , apenas tenta deturpar as tradiçoes e costumes das nossas aldeias. Há mitos ,e regras elementares nas aldeias no cumprimento da chamada ” Mordomia “que não se compadecem com a as da cidade.

  8. A apresentação do ouro no traje de Lavradeira e não há Vianeza tal como vemos nos desfiles não corresponde à verdade histórica . Actualmente os figurinos apresentam ouro duma forma exagerada, contam-se histórias para alimentar uma indústria . Tornou-se um “concurso “em saber quem leva mais no cortejo etnográfico , fazer noticia , e tirar fotografia. Aparecer na televisão entrou na moda.

  9. No Jornal ” Aurora do Lima ” o Professor Doutor Escaleira diz que as tradições podem ser criadas a qualquer momento.Em contra resposta alguém escreveu , que não concordava. O problema em questão , foi bem abordado . o Dr. Escaleira não é nenhum especialista nestas matérias, mas sim um entusiasta do Folclore Vianense . Se assim fosse e aprovasse a sua ideia então o Traje e o Folclore passaria a ser uma farsa .No entanto no Museu de Arte Contemporânea na Calla del Principe em Vigo muito recente , vi um slogan onde dizia ” Todas as Traditions são Inventadas “. Face a esta observação o que se pode mais comentar ?

  10. Ao contrário do que muita gente julga , o verdadeiro folclore está na Região dos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca.
    Quando se começou a valorizar os fatos regionais , outrora esquecidos e a organizar os grupos folclóricos na década de 30 , esqueceram-se do interior do Minho
    ( interior), estes locais são mais genuínos , não sujeitos as tranformações e alterações.
    Para se ter uma noção da realidade ,quem estiver interessado nesta matéria faça uma visita às Festas de S. Bartolomeu no dia das rusgas .
    O Povo dança, vibra, diverte-se ao som das concertinas. Velhos e novos dançam horas a fio ao som, das musicas e toque das castanholas.
    Ninguém tem vergonha de dançar uma rusga.

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