“Tudo que é inventado deixa de ser Folclore”, diz presidente da Federação em palestra para folcloristas

Por Ígor Lopes e Vanessa Sene
Para Mundo Lusíada

FernandoFerreira, presidente da Federação de Folclore português no Rio. Foto: Ígor Lopes

A Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras e a Delegação da Federação do Folclore Português no Brasil promoveram, no dia 19 de novembro, no Rio de Janeiro, uma palestra que teve como tema central o folclore de Portugal. O responsável pela apresentação foi o presidente da Federação Portuguesa de Folclore, Fernando Ferreira, que veio de Portugal para conhecer o trabalho dos grupos folclóricos no Brasil. Antônio Cardão e César Soares, ambos da delegação brasileira da Federação de Folclore, também acompanharam o encontro.
Durante a palestra, que reuniu dirigentes folcloristas do Estado do Rio, como ensaiadores e diretores técnicos dos grupos, uma das preocupações da Federação de Folclore Português foi passar ao público o verdadeiro conceito de folclore e distingui-lo do conceito de popular e tradicional. “São duas coisas muito ligadas, mas uma não é igual à outra”, refere Fernando Ferreira.
Este responsável falou ainda sobre os estudos etnográficos em Portugal e o que eles trouxeram em termos de conhecimento para que hoje se possa entender a diversidade cultural existente. “Saber fazer e saber salvaguardar o patrimônio cultural e imaterial” também esteve em pauta.
Foi passado à plateia, também, o que deve ser um grupo folclórico, a sua missão, a sua finalidade, a diferença entre um grupo folclórico de recreação e de representação, “que contemplam finalidades diferentes”.
“Falamos, sobretudo, no folclore no mundo cultural português. Isto é, mostramos a perspectiva que temos em relação aquilo que deve ser entendido como folclore, não só em Portugal, mas em todo o mundo cultural português. Consideramos que as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo fazem parte deste âmbito e que, de certo modo, também contribuem para a preservação e a divulgação daquilo que nós temos e que consideramos como folclore em Portugal”, conta Fernando Ferreira.
Fernando Ferreira frisou que é fundamental conhecer a zona que os grupos representam e a época que esses ranchos pretendem colocar em destaque. Aos diretores técnicos dos grupos foi informado como devem atuar e a necessidade de conhecer o que vão transmitir aos seus componentes, com o intuito de motivá-los. Fernando Ferreira avisou que é necessário entender bem o que é folclore.
“Muita gente ainda tem dificuldade em entender o que é folclore, um fato vivencial do povo. (…) Tudo que é inventado deixa de ser folclore”, finaliza.
Fernando está na presidência da Federação, que tem sede em Vila Nova de Gaia, desde 2004. Nesta viagem ao Brasil, passou pelo Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.

EM SÃO PAULO

Em São Paulo, o presidente da Federação Fernando Ferreira, com Vasco Frias Monteiro, e Artur Andrade Pinto. Foto: Maria Vieira

Em 26 de novembro, a Casa de Portugal de São Paulo foi palco da palestra promovida pela Federação do Folclore Português, palestrada pelo professor Fernando Ferreira. O auditório esteve composto por cerca de 70 pessoas de grupos folclóricos portugueses da capital paulista, de Campinas e da Baixada Santista.
A mesa foi formada pelo Presidente da Federação do Folclore Português, Fernando Ferreira, Vasco Frias Monteiro representando a diretoria da Casa de Portugal, além de Cesar Soares representante da Federação de Folclore Português – Delegação Brasil. Artur Andrade Pinto, presidente do Arouca São Paulo Clube, também compôs a mesa.
“Cada vez mais há necessidade de todos os componentes entenderem o papel do seu grupo de folclore, não fiquemos apenas com a convicção que tudo correu muito bem e que o grupo foi muito aplaudido pelo público. Não esqueçamos que uma das finalidades de um grupo de folclore é preservar a Cultura Tradicional Portuguesa” afirmou Fernando Ferreira, durante sua palestra sobre o folclore em São Paulo.
Este foi um evento promovido pela Federação de Folclore, a qual convidou todos os grupos folclóricos e interessados no folclore a participarem do evento, aberto ao público. Alguns folcloristas, que trabalham em prol das tradições por mais tempo ininterruptos em São Paulo, também foram homenageados nesta tarde.
“Foram duas horas de pura dissertação sobre o Folclore Português. No término ainda fomos brindados com suas respostas incisivas sobre o que é representar o nosso folclore” afirmou um dos participantes, José Pedro Baptista Gonçalves, diretor do Grupo Infanto-Juvenil da Casa Ilha da Madeira de SP, que esteve presente com mais 16 componentes do grupo.
Segundo apurou o Mundo Lusíada, o presidente da Federação de Folclore no Brasil, Cesar Soares, pretende trazer um congresso internacional de folclore ao Brasil, dentre dois ou três anos, contando com todos os convidados federados de Portugal e do exterior.

O Grupo Infanto Juvenil da Casa Ilha da Madeira de São Paulo esteve presente com diversos componentes na Casa de Portugal São Paulo.

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