Primeiro-Ministro quer projetar um Cabo Verde moderno em 2030

Da Redação
Com agencias

O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, discursa na ONU. UN Photo/Sarah Fretwell
Foto/Arquivo: O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves. UN Photo/Sarah Fretwell

O primeiro-ministro cabo-verdiano apresentou, em 10 de março, as principais ideias para transformar Cabo Verde num país moderno até 2030 e pediu a colaboração de todos para ajudarem na construção de uma visão de futuro consistente.

Numa conferência de imprensa, José Maria Neves indicou que a colaboração de todos será “imprescindível” para que se possa realizar o II Fórum Nacional para a Transformação, previsto para 14 a 16 de maio, na Cidade da Praia, que dará sequência ao realizado em abril de 2003.

“A Nação precisa de uma visão de futuro para que não se navegue à vista. O fórum questionará o que queremos ser daqui a 16 anos, o que deveremos fazer até lá, quais os recursos humanos, materiais e institucionais que precisaremos, como acelerar o ritmo de transformação e que parcerias devem ser estabelecidas”, afirmou.

Num balanço aos 10 anos decorridos desde 2003, José Maria Neves admitiu que há ainda muito a fazer, mas sublinhou que o Cabo Verde de hoje é “substancialmente diferente” de há uma década atrás, e recusou a ideia de que o projetar do futuro do país seja uma forma do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) se perpetuar no poder, onde se encontra desde 2001.

“Se, em 2016 (data das eleições legislativas), o PAICV não continuar no poder, o Governo que vier a seguir terá já definida uma proposta para continuar a desenvolver Cabo Verde”, disse José Maria Neves, que irá abandonar a liderança do partido no final deste ano, mantendo-se, porém, como chefe do executivo até ao fim da legislatura.

No balanço, o primeiro-ministro cabo-verdiano lembrou que, em 2003, ficou definida uma estratégia para a transformação de Cabo Verde, consubstanciada na construção de infraestruturas – portos, aeroportos e estradas – e em reformas nas áreas económica, financeira, educação, saúde e social.

“A base econômica continua a expandir-se na qualidade de uma emergente economia de serviços, em que 79% do PIB é proveniente dos Serviços, o que qualifica Cabo Verde para se tornar uma plataforma de serviços a nível mundial”, defendeu, garantindo que a evolução do país permitirá cumprir, em 2015, os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milônio (ODM) definidos pelas Nações Unidas em 2000.

No entanto, admitiu que Cabo Verde ainda tem um elevado nível de pobreza para o estado a que chegou, mesmo tendo baixado, em 10 anos, de 37% para 23%, e que a taxa de desemprego está elevada (16,7%).

Lembrando a crise internacional e a vulnerabilidade do país aos choques externos, José Maria Neves indicou que a melhor forma de contornar a situação num Estado que acedeu, em 2008, a País de Rendimento Médio (PRM), “mas baixo”, é diversificar as relações bilaterais e multilaterais.

Daí a necessidade do país ter de manter os atuais parceiros, mas também de alargar a outros mercados, como os da África Ocidental, África, Ásia, América do Norte e do Sul (“queremos uma parceria estratégica com o Mercosul”), Golfo Pérsico.

“Continuar a transformar o país exige uma aposta crucial na inovação e no conhecimento, Há que desenvolver uma energia verde, para um crescimento sustentável e para a redução da dependência do exterior. É tudo isso o II Fórum: chegar a uma visão consensual do futuro para esboçar uma Agenda Transformacional para 2030, mobilizadora de toda a Nação”, concluiu.

Cooperação portuguesa

A ministra portuguesa Assunção Cristas, que cumpriu o segundo e último dia de uma visita de trabalho a Cabo Verde, salientou a construção ou ampliação dos portos, sobretudo o da Cidade da Praia, e a edificação, de raiz, de barragens para reter as águas pluviais em benefício, a jusante, da agricultura local.

“É um balanço muitíssimo positivo. Fizemos uma visita intensa ao terreno, centrada em duas áreas, as infraestruturas de regadio, construídas ao longo destes anos ao abrigo de linhas de crédito portuguesas, barragens para retenção e armazenagem da água pluvial, que depois é encaminhada para a agricultura”, salientou.

Assunção Cristas salientou a disponibilidade portuguesa para continuar a apoiar Cabo Verde na agricultura, setor em que há “muito” para cooperar.

O setor é foco da visita de Assunção Cristas, que assinou um protocolo de cooperação com Cabo Verde ligado a tudo o que tem a ver com regadio – partilha de conhecimentos, capacitação da administração, uso eficiente de água e modelo institucional para o funcionamento das estruturas de regadio.

No mesmo setor, esteve previsto um segundo protocolo, ligado à segurança alimentar, para ajudar na capacitação, troca de experiência de laboratórios e prestação laboratorial de serviços nas vertentes vegetal e animal.

Assunção Cristas salientou à Lusa o “grande interesse” da sua homóloga cabo-verdiana, Eva Ortet, em “beber da experiência portuguesa” também na área agroalimentar, no acrescento de valor que traz a transformação e o processamento.

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