“Não há apoios para os emigrantes que querem investir em Portugal”, diz gestor

Da Redação
Com Lusa

PracadoComercio_LisboaO presidente da Global International Relocation, Jorge da Costa, considerou em entrevista à agência Lusa que não existem apoios para os emigrantes portugueses que pretendem regressar e investir em Portugal.

“Não há apoios para os emigrantes que querem investir em Portugal”, lamenta o gestor português que viveu a maior parte da sua vida no exterior, e hoje é presidente da maior empresa portuguesa de mudanças internacionais e ‘relocation’ (transferências internacionais de pessoas e departamentos), que começou a operar em 2008.

Jorge da Costa afirma que criar a Global International Relocation “foi rápido”, mas depois é que começaram as dificuldades, a começar pela falta de informação sobre os apoios disponíveis. “Era importante que houvesse algum instituto que pudesse dar apoio aos portugueses que vêm lá de fora e obtiveram conhecimento e ‘know how’. Principalmente a nível burocrático, que é um dos problemas com os quais perdemos muito tempo”, sublinha.

O investidor português afirma aliás que essa falta de informação conduziu à perda de incentivos numa candidatura através do Iapmei, devido a questões burocráticas a que era alheio, mas que “teriam sido muito importantes e provavelmente até teriam ajudado a criar mais postos de trabalho”.

Já a licença de construção para as instalações da sede que este gestor teve de pagar à Câmara Municipal de Sintra foi “um desincentivo para investir e um valor completamente absurdo”, 42 mil euros, acrescenta.

Apesar de ter pensado em desistir do investimento, que atualmente totaliza 2,7 milhões de euros, Jorge da Costa continuou em frente e diz que hoje não se arrepende. A Global International Relocation começou em 2008 com três funcionários e tem agora 28, entre embaladores e pessoal de escritório, aos quais se somam outros 30 trabalhadores indiretos nas épocas altas do negócio. E até ao final de 2014, deverão entrar mais quatro a seis trabalhadores.

Com sede em Sintra e instalações também no Porto, uma das grandes vantagens da empresa são os recursos humanos, considera o gestor. “Posso dizer que a qualificação dos recursos humanos em Portugal é de um alto nível. Com muita facilidade consigo encontrar aqui funcionários que falam três, quatro ou cinco idiomas, o que em nenhuma outra parte do mundo consigo”, sublinha o presidente da Global International Relocation.

O conhecimento de línguas é neste caso muito importante, uma vez que todo o negócio se desenvolve através de fronteiras. “A Global International Relocation está dedicada às mudanças internacionais de altos quadros empresariais e funcionários em missão, como militares, adidos, pessoal da Unicef, da Nato”, explica.

Mudar de país é aliás uma experiência constante na vida de Jorge da Costa, que poucos meses depois de nascer saiu de Portugal com os pais, que trabalhavam numa multinacional. “Fomos correndo por vários países e mudando sempre de um país para outro”, conta.

Assim, não admira que o gestor português tenha passado toda a carreira em empresas nas áreas de mudanças internacionais (‘moving business’) e de ‘relocation’, ou seja, quando é necessário transferir um trabalhador acompanhado ou não da família para um novo país, ou mesmo o departamento integral de uma empresa ou embaixada. Nessa atividade, trabalhou na Venezuela, Estados Unidos (Miami) e Brasil.

Entretanto surgiu a oportunidade de vir a Portugal, onde só tinha estado de férias, e foi quando Jorge da Costa e a família decidiram construir a sua vida no país. Na altura, o gestor conta que se apercebeu de “uma grande oportunidade de negócio, devido às carências a nível de qualidade e de conceitos” no setor em que veio a criar a Global International Relocation.

Depois de ter começado em oitavo lugar do negócio de mudanças internacionais em 2008, com uma micro operação, a empresa foi considerada pela Ignios como líder deste mercado em 2014.

Quanto ao volume de negócios, cresceu 37% em 2013, para cerca de 2,2 milhões de euros, e as expectativas são de continuar a crescer “a dois dígitos” em 2014, afiança o presidente e fundador.

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