Gonçalo Anes: O sapateiro, poeta e trovador que modificou o pensamento lusitano

Quando D. João III veio a falecer no ano de 1557, deixou no trono de Portugal o seu neto D. Sebastião, com 3 anos de idade, no entanto a Rainha Catarina da Áustria foi quem exerceu a Regência e tão somente em 1568 é que D. Sebastião, com 14 anos de idade, começou a governar Portugal. Na sua infância foi educado para poder reinar, num culto quase divino e militar. Assim instruído, começou a ter a convicção de que Portugal iria ser o salvador do cristianismo e sempre dizia que era inimigo dos contrários à fé cristã.
Durante os seus 10 anos de reinado e em 1572 fez uma forte armada grande para ir combater os “hereges”, mas um grande temporal destruiu os seus navios ao largo do Tejo em Lisboa, mas o seu sonho não feneceu e 2 anos depois embarcou para o Norte da África para guerrear os Mouros. No entanto, no ano de 1576, a pretexto de combater o Sultão de Marrocos e ali no ano de 1578 já completando 24 anos de idade, com 17 mil combatentes portugueses, sendo que, desses 5 mil eram mercenários, mas, no seu fanatismo não ouviu os comandantes que lhe informavam das dificuldades em enfrentar os mouros e assim sendo a sua esquadra foi derrotada e a batalha deixou metade dos homens mortos e o restante prisioneiros, e ele morreu nessa batalha.
Daí para frente houve uma espécie de loucura coletiva, o sonho de D. Sebastião não morreu com uma superstição de que D. Sebastião não havia morrido, porque o seu corpo não foi achado e nem havia sido preso, e que um dia qualquer ele voltaria envolto numa névoa para glória eterna do povo de Portugal.
GONÇALO ANES BANDARRA, um sapateiro de profissão e poeta/trovador, escreveu umas trovas, as quais o tornariam um dos homens mais célebres de sua época e afinal em todos os tempos da poesia e superstição. Como era uma pessoa simples, ele era um fanático pela Bíblia e sempre também consultava os “Cristãos Novos” que eram os judeus que haviam aderido ao cristianismo, mas, aí a coisa complicou, porque a “Inquisição” o começou a perseguir, achando que ele tinha ligação com o judaísmo, o que não era uma realidade. A sua consulta a judeus era para esclarecimentos de passagens do Velho Testamento, e como as suas trovas eram bem feitas mas confusas, após esclarecimentos foi liberado pela Inquisição, mas, não poderia escrever mais versos e a não se meter mais em confusões de leituras profanas.
Com o passar do tempo as trovas do BANDARRA começaram a ser notadas pela população que começou a adorar uma espécie de “Sebastianismo” e as trovas do GONÇALO ANES eram vistas de outra forma, como o retorno do MESSIAS, então o desaparecido D. Sebastião e então o BANDARRA começou a ser considerado um profeta nacional, em razão das trovas que anunciavam a restauração de Portugal em 1640, e assim sendo ele começou a ser venerado também como um “santo”. Dessa forma os judeus que eram os “cristãos novos” esperavam o seu “Messias” e os portugueses também esperando o seu Messias, que era “D. Sebastião”.
Assim sendo, GONÇALO ANES, O BANDARRA, foi ele quem iniciou o “bandarrismo” escrevendo as suas trovas supersticiosas e históricas, que levaram o povo de sua época ao muito conhecido “Sebastianismo”, que após tantos séculos ficou incutido na alma lusitana desse povo heroico de Portugal.
Já se passaram 5 séculos  do aparecimento de GONÇALO ANES,  fico muito feliz porque provavelmente sou um descendente desse GONÇALO ANES, uma vez que meu avô materno português nascido em RIO FRIO/BRAGANÇA/PORTUGAL,  tinha o nome de Manuel Alipio ANES,  e minha querida mãe MARIA ANUNCIAÇÃO ANES DA COSTA, bem como, meus primos de Portugal, o MOISÉS FERREIRA ANES este foi professor da Universidade de Lisboa e outros primos.
Glória imortal ao GONÇALO ANES, O BANDARRA, que elevou o nome do nosso QUERIDO E ETERNO PORTUGAL.

 

Adriano Augusto da Costa Filho
Membro da Casa do Poeta de São Paulo, Movimento Poético Nacional, Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores, Academia Virtual Poética do Brasil, Ordem Nacional dos Escritores do Brasil, Associação Paulista de Imprensa, Associação Portuguesa de Poetas/Lisboa e escreve quinzenalmente para o Jornal Mundo Lusíada.

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