Obra Portuguesa de Assistência completa 90 anos cheia de vitalidade

Por Igor Lopes
Do Rio, para Mundo Lusíada

Amigos e diretoria da Obra Portuguesa de Assistência. Fotos: Ígor Lopes

A Obra Portuguesa de Assistência completou, no último dia 14, no Rio de Janeiro, 90 anos de existência. Para celebrar essa data, essa entidade realizou uma missa no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, no centro da cidade carioca, no dia 16.
A celebração litúrgica foi levada a cabo pelo cônego Abílio Soares de Vasconcellos. O evento contou com a presença de inúmeras personalidades, entre elas membros da diretoria da Obra Portuguesa de Assistência, do cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, Antônio Almeida Lima, e da Chefe de Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, que tem grandes ligações com Portugal. A Obra está cada vez com mais vitalidade para ajudar, mas os problemas financeiros começam a ser um empecilho. Nada que tire o estímulo da sua diretoria.
A Obra Portuguesa de Assistência foi fundada em 1921 sob o nome de Obra Portuguesa de Assistência aos Portugueses Desamparados. O seu objetivo era atender aos portugueses carentes. Tudo isso numa época em que havia muitas epidemias no Rio e que os portugueses eram uma parcela significativa da população carioca. Os lusitanos sofriam com várias doenças, como a febre amarela.
Subitamente, um grupo de portugueses decidiu criar essa entidade, que começou a prestar um serviço ambulatorial e, mais tarde, em julho de 1970, criou-se o hospital, que se passou a chamar Egas Moniz apenas em 2000. Essa unidade hospitalar está em funcionamento até os dias de hoje.

Antecessores criaram uma grande Obra

Segundo o presidente da Obra Portuguesa de Assistência, Agostinho dos Santos, o sucesso desses 90 anos da entidade se deve aos antepassados, que lutaram para construir um local que tivesse como objetivo ajudar os portugueses mais carentes.
“Há 90 anos a imigração portuguesa atravessava uma fase difícil. A Obra acabou sendo criada. Atuava apenas como ambulatório, mas mais tarde surgiu o hospital. Todo esse sucesso deve-se aos nossos antecessores”, refere Agostinho dos Santos.
Uma das vertentes da Obra é o hospital Egas Moniz, que fica numa das regiões mais movimentadas no Rio, no centro. O hospital foi batizado com esse nome como uma forma de homenagem ao médico português que foi distinguido com o prêmio Nobel de Medicina, em 1949.
Agostinho dos Santos conta que muitos portugueses são ainda hoje atendidos e que os esforços não são medidos na arte de ajudar ao próximo.
“Hoje mesmo temos muitos portugueses internados no nosso hospital. Alguns estão há meses internados. Fazemos tudo que está ao nosso alcance. A Obra Portuguesa tem procurado estender a mão àqueles que mais necessitam, nas horas mais difíceis, mas a medicina tem os seus limites”, refere Agostinho dos Santos, que recorda que a Obra está aberta a receber ajudas, uma vez que atravessa problemas financeiros. “Estamos com muitas dificuldades. Então, apelamos para os empresários e as pessoas com melhores situações. A ajuda é sempre bem-vinda”, completa Agostinho.
Manuel Igrejas, segundo vice-presidente da Obra e profundo conhecedor da história dessa instituição, comenta que, embora existissem outras entidades na época, “a Obra foi criada para atender às necessidades dos portugueses que andavam mendigando e morrendo de fome. As pessoas pediam pelo amor de Deus para voltar para Portugal para lá morrerem”.

Padre Abílio Soares de Vasconcellos, cônsul-geral de Portugal no Rio, Antônio Almeida Lima, Antero Macedo, membro do conselho deliberativo da Obra Portuguesa de Assistência, Eduardo Neves Moreira, presidente da Assembléia da Obra e Agostinho dos Santos, presidente da Obra.

Para Manuel Igrejas, hoje em dia, a Obra é importante para salvaguardar o nome e a honra da comunidade portuguesa. “Agora não temos tantos portugueses necessitados. Mas os que existem são atendidos”, afirma.
Eduardo Moreira, presidente da Assembléia da Obra Portuguesa, acredita que essa entidade cresce e se desenvolve a cada dia. Mas é importante frisar que a comunidade portuguesa não é mais como antigamente.
“A colônia portuguesa tem vindo a decrescer geometricamente. Consequentemente, o número de portugueses que participa da Obra Portuguesa tem caído pela ordem natural das coisas. Através de uma reforma estatutária, feita na década de 1970, fomos aceitando sócios que não fossem portugueses. Sendo assim, a Obra está hoje aberta a todos. A quantidade de sócios portugueses é menor do que a de brasileiros, embora a maioria seja de lusos-descendentes”, adiciona Eduardo Moreira.

Nobel de Medicina dá nome a hospital

O site da instituição conta que a Obra foi fundada em 14 de outubro de 1921, com a ajuda do então cônsul-geral de Portugal no Brasil, Joaquim de Barros Ferreira da Silva, assessorado pelo médico Jorge Monjardino, entre outros portugueses, e tinha como objetivo “auxiliar os imigrantes portugueses que escolheram o nosso país como pátria de adoção, em busca de melhores condições de sobrevivência, mas que encontraram muitas dificuldades para tal”.
“A instituição prestava assistência médica e farmacêutica aos sócios, suas mulheres e filhos, como também assistência de advocacia e auxílio na obtenção de empregos, entre outros serviços, atendendo aos mais necessitados de acordo com as suas possibilidades”, informa ainda o site.
Em 2000, o hospital da instituição foi batizado com o nome de Egas Moniz, em uma homenagem ao professor Antonio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, que recebeu o único Prêmio Nobel de Medicina de Portugal, em 1949.
“Ao longo de sua existência, a Obra Portuguesa de Assistência atendeu milhares de cidadãos portugueses, brasileiros, entre outras nacionalidades. E, nos últimos anos, passou por uma renovação e atualização em todos os setores de suas atividades, desde o moderno centro cirúrgico às amplas enfermarias, oferecendo serviços médico-hospitalares de alta qualidade”, finaliza o sítio na Internet.

4 Comments

  1. Fui funcionário da Obra Portuguesa por mais de dois anos. Trabalhei no setor de limpeza. Posso dizer que as condições do Hospital são péssimas. Infestado de baratas, cozinha muito sujo e cheia de mofos. Atraso constantes no pagamento do salário dos funcionários e remuneração muito baixa ( recebia R$ 456,78). Administração do Sr Agostinho e outros diretores realmente deixa muita a desejar. A informação exibida nesse blog é muita errada.

  2. fui funcionario do laboratorio,eramos terceirizados e o sr agostinho nao pagava o laboratorio portanto falimos e nao recebemos nada ate hoje agostinho ladrao pilantra safado.

  3. 16/04/2015. Minha tia de 65 anos está internada neste muquifo. Um hospital horroroso, tem péssimas instalações, péssimas acomodações. Te enganam o tempo inteiro. Sou profissional da área de saúde há 15 anos e raramente vi uma equipe tão homogeneamente nivelada por baixo.

  4. Estou pesquisando o porque meu avo Manoel Candido veio ao Brasil e encontrei uma carteira dele de março de 1936 Obra de assistencia aos portugueses desamparados no RJ.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: